José Sócrates faz muita falta à política nacional e, por isso, não deve pensar em afastar-se desse mundo. Estas são ideias deixadas por Lula da Silva, na apresentação do livro do ex-primeiro-ministro “A confiança no mundo: sobre a tortura em democracia”, que ocorreu esta quarta-feira, em Lisboa.

“Sócrates, você vai ter de voltar à política”, avisou o antigo presidente do Brasil, quando discursava no Museu da Electricidade. Risos e palmas encheram a sala das máquinas, pequena para as cerca de 300 pessoas que lá estavam – e muitas outras na sala do andar de baixo, que assistiam por uma tela. “E já”, respondeu uma das convidadas presentes na sala.

Lula da Silva considera que Sócrates “está em forma para deixar a política tão cedo”, fazendo aqui uma referência, implícita, às entrevistas dadas pelo político na última semanas. Nessas entrevistas, Sócrates não deu respostas definitivas sobre o futuro na política. Nunca disse nunca mas, no presente, argumenta que gosta muito da liberdade e do facto de não depender da vontade popular.

Lula elogiou Sócrates tendo pela frente vários dos ex-ministros dos governos socialistas, como Pedro Silva Pereira, Mário Lino, Isabel Alçada ou outros militantes do agora maior partido da oposição como Almeida Santos ou Manuel Alegre. Pinto Monteiro e Noronha de Nascimento, antigos líderes do poder judicial português, também marcaram presença.

O presidente do Brasil, que disse que era necessário recriar a política (até afirmou que não se pode deixar a direita destruir o amor pela política), deixou ainda uma palavra a Mário Soares, que também apresentou o livro de Sócrates: “por favor, não descanse”.