"Deixei de ser presidente e passei a ser sindicalista". A frase foi dita por Lula da Silva e seguiu-se de um conselho aos portugueses e europeus.

"No Brasil e na América Latina têm brigado para conquistar algo melhor. Na Europa, se vocês não brigarem, vão perder o que vocês conquistaram", disse o antecessor de Dilma Rouseff na presidência do Brasil.

Na opinião de Lula, que prefacia a obra de José Sócrates "A confiança no mundo: sobre a tortura em democracia" e que esteve esta quarta-feira a apresentá-la no Museu da Electricidade, tudo aquilo a que se propõem os governos actuais na Europa é a "tirar as conquistas do povo trabalhador".

O antigo líder brasileiro, que falava entre Sócrates e Mário Soares para uma sala com cerca de três centenas de pessoas (e para uma outra sala que assistiu através de uma tela), afirmou que já viu retirar dinheiro aos aposentados e aos "servidores" públicos mas que ainda não viu a retirar dinheiro à banca.

"Não vejo ninguém dizer 'vamos diminuir a margem de lucro dos banqueiros no mundo inteiro'", declarou Lula, acrescentando que as decisões sobre o mercado financeiro saídas das reuniões do G20 em que participou nunca foram colocadas em prática. Para o ex-presidente brasileiro, está-se a gastar dinheiro para salvar os bancos, mas este é, ao invés, um "sistema que precisa de ser regulado".

A Europa, continuou Lula da Silva, conquistou um "padrão de vida digno". "O que não podemos é tirar isso do povo, mantendo lucros dos banqueiros iguais aos antes da crise", disse, sempre seguido por ovações dos convidados para a apresentação do livro de Sócrates.