Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

José Sócrates: "MP não tinha nenhum indício sólido. Nem sólido, nem líquido"

José Sócrates esteve segunda-feira no Jornal das 8 da TVI, naquela que foi a sua primeira entrevista desde que foi preso em 2014. Na segunda parte da entrevista, transmitida esta terça-feira, falou de Angola, Carlos Santos Silva e do empreendimento de Vale do Lobo.

Correio da Manhã
15 de Dezembro de 2015 às 20:58
  • 51
  • ...

O antigo primeiro-ministro voltou a recusar todas as suspeitas de corrupção. Na segunda parte da entrevista ao Jornal das 8 da TVI, interrompida na segunda-feira, 15 de Dezembro, e transmitida esta terça-feira à mesma hora, José Sócrates falou do telefonema para Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, para pedir uma audiência para o Grupo Lena, dos empreendimentos de Vale do Lobo e da sua relação com Carlos Santos Silva.

"Falaram-me de um telefonema para o senhor vice-presidente de Angola, Manuel Vicente. Marquei uma audiência para o Grupo Lena, como fiz para muitas empresas. Esse era o meu dever", começou por justificar José Sócrates. O antigo primeiro-ministro desvaloriza o contacto e alega que já nem se recorda da razão. "Na altura, surgiu uma dificuldade, que já não me recordo do que era, e pediram-me para ajudar a marcar o encontro. Como se isso fosse uma suspeita de corrupção, imagine. Isso é uma imputação genérica e foi o único indício", sublinhou.

"O Ministério Público não devia fazê-lo [avançar com a imputação]. Não tinha nenhum indício sólido. Nem sólido, nem líquido", afirmou.

Sobre o empreendimento de Vale do Lobo, Sócrates acusa o Ministério Público de se ter baseado em transferências e coincidências temporais, garantindo que "são acusações estratosféricas" e que "não têm o mínimo fundamento". Sócrates disse ainda que "era impossível que alguém pudesse beneficiar do PROTAL [Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve].

"Quando fui detido não havia nada sobre corrupção. A corrupção era o alfa e o ómega da campanha de difamação. Como o grupo Lena não dava em nada decidiram ir para o PROTAL e Vale do Lobo", interpretou Sócrates. 

"Acredito na inocência de Armando Vara"

"Nunca ninguém durante o Governo me falou em Vale do Lobo", garantiu. Quanto ao envolvimento de Armando Vara, Sócrates diz que o ex-ministro é seu amigo e que acredita na inocência dele. E sobre isso afirma: "a Caixa Geral de Depósitos toma as suas decisões, com autonomia do Governo". Sócrates descreve a investigação como "não tendo nada" se limita a perseguir Sócrates. "Só há documentos que me ilibam e que mostram que tudo é completamente vazio", alega.

Sócrates não afasta a possibilidade de processar o Estado português, caso não seja considerado culpado das acusações de que é alvo, afirmando que "ainda não chegou esse momento, mas lá chegaremos", com base na crença de que se trata de uma perseguição política, "e não é só de agora, é de há muito tempo. Já fui vítima disto muitas vezes. O caso Freeport nasceu no gabinete de Santana Lopes. O caso das escutas nasceu na casa civil deste Presidente [da República]. Isto é um facto, não é uma opinião", sustenta.

Sócrates reiterou que existe "uma acção deliberada" para o prejudicar, afastar da vida pública e prejudicar o PS", falando de um ódio pessoal da direita durante a sua governação e de "uma campanha de difamação" do jornal Correio da Manhã.

"Lamento muito, mas a minha vida faustosa foi ter decidido fazer um investimento em mim, fazendo um mestrado, que conclui", repetiu José Sócrates, recusando responder à pergunta do jornalista sobre o valor da sua classificação final, mas garantindo ter sido "a melhor nota da turma".

Depois de inicialmente ter sido ajudado pela sua mãe, Sócrates disse ter aceite "ser ajudado" por Carlos Santos Silva, com quem descreveu ter uma relação "fraterna" e que por isso recorreu a empréstimos. "Paguei 250 mil euros a Carlos Santos Silva e irei pagar o resto. Planeio pagar tudo o que devo", garantiu o engenheiro. Sócrates disse ainda nunca se ter referido a dinheiro, nas suas conversas telefónicas com Carlos Santos Silva, dizendo "traz-me aquilo de que eu gosto" e que fazer essas associações só é possível a uma mente doente.


[Notícia em actualizada às 22h20]



Ver comentários
Saber mais José Sócrates Manuel Vicente Angola Grupo Lena Vale do Lobo Carlos Santo Silva Ministério Público economia negócios e finanças media política
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio