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José Sócrates diz que grande parte da debilidade deste Governo fica a dever-se a Cavaco

O antigo primeiro-ministro considera que “grande parte da debilidade deste Governo fica a dever-se ao senhor Presidente da República, porque ao expressar ele próprio dúvidas sobre a governabilidade, também deu uma contribuição para que este Governo tenha hoje menos credibilidade”.

Miguel Baltazar/Negócios
21 de Julho de 2013 às 21:20
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José Sócrates disse no domingo, no habitual comentário na RTP, que só lhe ocorria perguntar por que motivo é que Cavaco Silva não fez o apelo [ao diálogo interpartidário] há mais tempo, “pois teríamos evitado muitos episódios que vimos nos últimos dois anos”.

 

E apesar de considerar que se conseguiu, com este diálogo, “abertura e menor crispação na vida política”, sublinha que “chegámos ao fim na mesma”. E até pior, pois foi deixado um “rasto de degradação nacional”.

 

O ex-primeiro-ministro constatou “um duplo falhanço”: “falhou em primeiro lugar o Governo, porque abriu a crise” e “falhou também de certa forma a proposta do senhor Presidente da República”. “Não quero desmerecer o que foi a iniciativa do senhor Presidente da República, mas não há duvida que o processo falhou. Quando lançou o processo de salvação nacional, devia ter acautelado algum sucesso para esse processo”.

 

O apelo a um acordo de salvação nacional, que unisse PSD, CDS-PP e PS “sempre me pareceu que não tinha nada de político, mas de politiqueiro, por era mais baseado no poder”, disse.

 

E já que a iniciativa não teve sucesso, “ocorre-me pensar o seguinte: em 2011, a Direita abriu uma crise política que levou ao pedido de ajuda. (…) Para eles [actual Governo] é preciso um Presidente, uma maioria e uma oposição no bolso”, criticou. Mas “ao PS cabe-lhe também representar aqueles que não concordam e têm razões de queixa”, defendeu.

 

Na opinião de Sócrates, este Governo chega ao fim do processo mais desgastado e a solução apresentada por Cavaco Silva “é uma solução que põe o Governo numa situação ainda mais débil. Mas também o senhor Presidente fica numa situação mais débil. Há uma degradação da credibilidade das instituições”.

 

“O senhor PR foi tudo menos imprevisível, desta vez. Mas a verdade é que comunicou aos portugueses que vai ficar tudo na mesma”, disse José Sócrates. “Mas o Governo fica sob tutela, porque o senhor Presidente da República, ao ter tido necessidade de dizer que não descartava nenhum dos seus poderes presidenciais, estava a dizer que vai exercer uma maior vigilância sobre este Governo”.

 

“O Governo tem agora um desafio pela frente, que é fazer um Orçamento para 2014, e vejo-o agora mais debilitado para essa tarefa”, acrescentou o anterior chefe do Executivo português.

 

“Afinal de contas, grande parte da debilidade deste Governo fica a dever-se ao senhor Presidente da República, porque ao expressar ele próprio dúvidas sobre a governabilidade, também deu uma contribuição para que este Governo tenha hoje menos credibilidade”, rematou.

 

(notícia actualizada às 21h39)

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