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Fidel Castro: "Em breve cumprirei 90 anos. Talvez seja das últimas vezes que falo nesta sala"
O antigo líder comunista discursou no final do sétimo congresso do PC Cubano. Falou dos perigos do armamento, dos dinossauros, do Paraíso de Adão e Eva e da morte. "A todos chega a sua vez", constatou.
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O histórico dirigente comunista cubano Fidel Castro admitiu esta terça-feira, durante uma das suas já raras aparições, que o avanço da idade poderá impedi-lo de voltar a falar em público.
"Em breve [no próximo 13 de Agosto] cumprirei 90 anos, nunca me ocorreu tal ideia e nunca foi fruto de um esforço; foi capricho da sorte. Em breve serei como todos os outros. Talvez seja das últimas vezes que falo nesta sala", disse Castro esta terça-feira, 19 de Abril em Havana, perante cerca de um milhar de delegados ao sétimo congresso do Partido Comunista de Cuba.
Vestido com fato de treino azul com riscas brancas e discursando sentado com os óculos a auxiliar a leitura, não faltou o característico dedo em riste. Enquanto falava no encerramento do congresso ao lado direito do irmão Raul - que cumprirá mais um mandato de cinco anos à frente do PC cubano -, Fidel Castro Ruz persistiu na ideia da vida finita. Mas disse-se crente de que, após extinta a presença física, ficarão os ideais:
"A todos chega a sua vez, mas ficarão as ideias dos comunistas cubanos como prova de que neste planeta, se se trabalhar com fervor e dignidade, se podem produzir os bens materiais e culturais de que os seres humanos precisam. (…) O povo cubano vencerá", garantiu, por entre aplausos, de acordo com o relato feito pelo órgão oficial do comité central do PC Cubano, o Granma.
Um mês depois da visita histórica de Barack Obama ao país e da progressiva abertura política e económica por parte do eterno inimigo norte-americano, o "líder da Revolução" evocou a revolução comunista russa para dizer que serão necessários mais "70 anos para que ocorra outro acontecimento" do género e "para que a humanidade tenha outro exemplo de uma grandiosa revolução social que significou um enorme passo na luta contra o colonialismo e o seu inseparável companheiro, o imperialismo".
O líder que presidia ao país na altura da crise dos mísseis de 1962 – o acontecimento que ameaçou iniciar um conflito nuclear entre a então União Soviética e os Estados Unidos – alertou também para o "maior perigo" que existe hoje à face da terra, o "armamento moderno" que poderá tornar impossível a vida humana no planeta. Em consequência do seu uso, "desapareceria a espécie [humana] como desapareceram os dinossauros", argumentou um dos mais duradouros líderes políticos que esteve quase 50 anos directamente no poder.
O denominado "El Comandante" defendeu ainda que "o homem prático deve conhecer mais e adaptar-se à realidade", pediu medidas para combater a fome no planeta e terminou com um aviso: "Oxalá muitos seres humanos se preocupem com estas realidades e não continuemos como nos tempos de Adão e Eva a comer maçãs proibidas".