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Cristas cativou Portas numa intervenção na televisão. Agora substitui-o à frente do CDS
O congresso do CDS acontece este sábado e domingo e dele sairá o próximo líder do partido e sucessor de Paulo Portas. Assunção Cristas é a única candidata e deverá ser eleita sem surpresas.
Há nove anos, Assunção Cristas era um nome desconhecido entre a maioria dos portugueses. Hoje, com 41 anos, deverá confirmar-se como a próxima líder do CDS no 26.º Congresso do partido, que se realiza este sábado e domingo, em Gondomar. Militante dos centristas apenas desde 2007, foi uma das governantes mais populares do antigo Governo e o braço-direito de Paulo Portas, então vice-primeiro-ministro.
O destaque que lhe foi dado dentro e fora do partido ajudaram a preparar o caminho para a presidências dos centristas. Apesar do seu curto tempo na política, chega à liderança do CDS com um já preenchido currículo político.
A confirmar-se a sua eleição, Assunção Cristas tornar-se-á a sétima líder e a primeira mulher em frente do partido, pondo fim às mais de quatro décadas de liderança masculina do CDS. A propósito disso mesmo, a actual deputada garantiu durante a apresentação oficial da sua candidatura que "o CDS nunca foi o partido de um homem só e não será garantidamente o partido de uma única mulher".
Para já, a candidata que será a secretária-geral do CDS tem o favoritismo dos portugueses. Numa sondagem da Aximage para o Negócios e o Correio da Manhã, 64,5% dos inquiridos consideram que Cristas será melhor líder do que Paulo Portas.
Depois de um primeiro dia de congresso dedicado à discussão de dez moções de estratégia global, as eleições para os órgãos dirigentes do partido acontecem no domingo, pelas 9:00. Os resultados são conhecidos pelas 12:30.
O congresso marcou a despedida de Paulo Portas.
Candidata não tem medo de "se meter com gente pouco recomendável"
Maria de Assunção Oliveira Cristas Machado da Graça nasceu em Luanda, em 1974, mas cresceu em Lisboa, cidade onde seguiu carreira académica e na qual se tornou professora na Universidade Nova de Lisboa.
Como a própria assume, "a política foi uma descoberta tardia. Entrei para a política com 32 anos [embora já antes trabalhara como adjunta de ministros], professora, mãe de três filhos". "Fui um bocadinho à experiência, mas gosto muito e não tenho problema em dizê-lo. Acho que é um tempo muito bem empregue", partilhava em entrevista à Visão, a 7 de Janeiro.
Na mesma entrevista respondia que quando lhe perguntam a profissão diz sempre "professora universitária". "É como me continuo a definir", esclarece. O que escreverá a partir deste domingo?
Cristã devota, Assunção Cristas contou que se inspirou em Jesus Cristo para entrar na política, "no seu exemplo e no seu discernimento". O facto de nunca ter tido medo "de se meter com gente pouco recomendável" terá pesado na decisão de se dedicar à vida política, que olha como uma "missão". O convite chegou directamente de Paulo Portas, que procurava um novo quadro para o partido quando assistiu a uma intervenção de Cristas no programa "Prós e Contras" da RTP, em plena campanha para o referendo de 2007 à descriminalização do aborto.
Doutorada em Direito Privado, foi na área da Justiça que começou a dar os primeiros passos a caminho da carreira política. A entrada deu-se em 2002, tinha então 27 anos, a convite de Celeste Cardona, à data ministra da Justiça do Governo PSD/CDS-PP, liderado por Durão Barroso. Assunção Cristas assumia o cargo de assessora, mas rapidamente passou para a direcção do Gabinete de Política Legislativa e Planeamento.
Cinco anos depois de entrar no mundo da política, Cristas torna-se militante do CDS-PP. Estamos em 2007 e é por esta altura que Assunção Cristas atrai a atenção do secretário-geral do seu partido, Paulo Portas.
Dois anos volvidos, Cristas concorre como cabeça de lista pelo círculo de Leiria, distrito pelo qual sempre se tem candidatado, e é eleita deputada à Assembleia da República.
Em 2011, após as legislativas e a coligação PSD/CDS, é convidada por Portas a ocupar o lugar de ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, depois de integrar a equipa de negociações do CDS-PP com vista à redução da pasta de Agricultura e Mar na remodelação governamental, após a crise do irrevogável de Paulo Portas, aquele que agora vai substituir à frente dos destinos do CDS.