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Bloco propõe discussão de programa de governo de esquerda com PS e PCP
O BE lançou uma iniciativa paralela à solicitada por Cavaco Silva. A quinta força partidária quer a abertura de diálogo com os dois partidos com vista à criação de um governo de esquerda. Não são exigidas condições prévias mas pretende-se que as conversações aconteçam o mais rápido possível. PCP está aberto ao diálogo, PS recusa comentar.
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O Bloco quer discutir a criação de um governo de esquerda em Portugal. Para isso, a força política propôs ao Partido Socialista e ao Partido Comunista Português um processo de diálogo no mais curto prazo de tempo.
João Semedo, um dos coordenadores do Bloco de Esquerda, fez esta terça-feira, 16 de Julho, uma declaração para propor aos dois partidos que também fazem parte da oposição “a abertura de um processo de discussão e aprovação das bases programáticas de um governo de esquerda”.
O processo será paralelo às conversações que estão a decorrer neste momento na sequência do pedido do Presidente da República para a constituição de um “compromisso de salvação nacional” entre o PSD e CDS-PP juntamente com o PS. Uma “iniciativa presidencial que estabeleceu a confusão”, segundo Semedo.
Cavaco Silva estabeleceu um muito curto prazo para que estes partidos chegassem a acordo: o entendimento tem de ser alcançado até o próximo fim-de-semana. Da mesma forma, o Bloco sugere que as conversações “se façam sem qualquer condição prévia e no mais curto prazo de tempo”.
PCP disponível para dialogar, PS não comenta
A força política com assento parlamentar mostrou-se disponível para começar as reuniões “de imediato” e sublinhou o facto de a direcção do PCP ter já proposto a realização de uma reunião. Não foi mencionada qualquer posição por parte do PS nesta declaração de Semedo em que foi transmitida a posição da sua comissão política.
O Negócios contactou o maior partido da oposição, actualmente a negociar com os dois partidos do governo de coligação, mas o líder da bancada parlamentar, Carlos Zorrinho, não quis fazer comentários para já.
O Bloco de Esquerda não foi incluído no pedido de diálogo de Cavaco Silva, tal como os restantes partidos de esquerda com representação parlamentar, PCP e Os Verdes. Estes tinham rejeitado assinar o memorando de entendimento que serviu de base ao resgate financeiro recebido por Portugal em Maio de 2011.
Terminar memorando e reestruturar dívida estão na agenda
Apesar de não exigir condições prévias para estes diálogos, o Bloco de Esquerda, com oito deputados na Assembleia da República, lançou já questões que têm de estar na agenda: “um governo de esquerda que termine a austeridade e o memorando, que consiga a reestruturação da dívida, mobilizando os recursos bancários, financeiros e fiscais necessários, e que recupere o rendimento perdido pelas pessoas”.
“A nossa responsabilidade perante o povo português exige uma verificação séria da existência de condições para aquele programa”, apontou João Semedo que, a par de Catarina Martins, lidera o Bloco de Esquerda.
PS confrontado com três posições
Com a proposta bloquista, o PS está confrontado com três situações delicadas no plano político.
Em primeiro lugar, o partido liderado por António José Seguro foi convidado a participar no compromisso pedido por Cavaco Silva. Está a fazer parte das negociações com os partidos do Governo de coligação o antigo ministro socialista Alberto Martins.
Em segundo lugar, apesar das negociações com o actual Executivo, o PS revelou que vai votar a favor da moção de censura que Os Verdes anunciaram ao Governo de Passos Coelho.
Em terceiro lugar, os socialistas têm, agora, a proposta para conversações para a constituição de um governo de esquerda com o BE e PCP.
(Notícia actualizada com mais informação e com indisponibilidade do PS para comentar , neste momento, a proposta do Bloco)