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Assis vai discursar no Congresso para pedir um PS a governar sozinho

O eurodeputado e crítico da geringonça pretende intervir no 22.º Congresso socialista que começa esta sexta-feira. Francisco Assis defende que "o PS deve ter duas ambições: ganhar as eleições de 2019 e governar sozinho".

Correio da Manhã
David Santiago dsantiago@negocios.pt 25 de Maio de 2018 às 14:00

Francisco Assis vai ao Congresso do PS que começa hoje e decorre entre 25 e 27 de Maio na Batalha e pretende dirigir-se aos congressistas. Em declarações ao Negócios, o eurodeputado antecipa que vai defender que o PS deve ter duas ambições para o ciclo eleitoral do próximo ano.

 

"O PS deve ter duas ambições: ganhar as eleições de 2019 e governar sozinho", sustenta Assis, explicando que mesmo num cenário de não conquista de maioria absoluta o partido deve optar por "governar sozinho, negociando à esquerda e à direita", tal como sucedeu no passado.

 

O ex-candidato à liderança socialista defende que o partido deve construir um projecto alicerçado em três ideias-chave: "o PS deve apostar num projecto de centro-esquerda nas próximas eleições, de afirmação europeísta, promoção do desenvolvimento económico e de reforma e adequação do Estado social."

 

Tendo-se assumido desde o início como crítico da opção de aliança à esquerda que permitiu ao secretário-geral António Costa formar Governo apesar da derrota eleitoral de 2015, Assis admite compreender que, na moção global que o líder socialista leva ao congresso, este seja omisso em relação à política de alianças a seguir após as legislativas do próximo ano.

 

Contudo, discorda da intenção já diversas vezes pronunciada por Costa com vista à renovação dos acordos à esquerda mesmo que conquiste maioria absoluta, porque "em equipa que ganha não se mexe". "Discordo disso. É um erro dizer que vamos às eleições para governar nos mesmos termos", sustenta Assis.

 

Eurodeputado não se sente isolado

Depois de o eurodeputado ter abandonado, irritado, o conclave de Dezembro de 2014 pela constante mudança de hora da sua intervenção para horas cada vez mais tardias, e de se ter apresentado "isolado" no congresso de 2016, por ter identificado, ao contrário de Costa, divergências "inultrapassáveis" com as forças de esquerda, Assis chega à Batalha com nuances no discurso.

Em entrevista concedida ao Público, o antigo presidente da bancada parlamentar socialista diz constatar que após dois anos e meio de legislatura felizmente o BE e o PCP foram relativamente anestesiados pelo PS, um mérito de António Costa".

"No essencial, naquilo que tem que ver com a política europeia, com a política económica, com a política orçamental, com a política externa, não há nenhuma interferência destes dois partidos na acção governativa", declarou ao Público.

Numa altura em que várias figuras de relevo vêm publicando artigos de opinião de cariz ideológico em que tentam enquadrar aquilo que deve ser o caminho a seguir pelo partido, Assis revela não se sentir "ideologicamente distante de Costa".

"No pensamento político não temos divergências insanáveis", refere notando, porém, que "pode haver diferenças em termos práticos de acção política".

Conotado como alguém mais à direita no partido e perante uma discussão interna entre quem, como Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, defende um PS assumidamente de esquerda, e a linha mais centrista protagonizada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva, que quer um partido moderado e centrista, o antigo líder da Federação do Porto rejeita sentir-se isolado.

"Não me sinto nada isolado" numa ala mais à direita do partido, afiança. "Há pessoas na direcção política que pensam como eu e outra como o Pedro Nuno Santos. Haver alas diferentes é natural nos grandes partidos", atira Assis.

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