Notícia
Draghi: Riscos para o crescimento "estão mais negativos"
Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, reconheceu esta quinta-feira que os riscos para o crescimento da zona euro são agora maiores.
"Os riscos para o crescimento moveram-se para o lado negativo," reconheceu Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira, 24 de janeiro, na sequência da primeira reunião de política monetária do ano.
O presidente do BCE explicou que os riscos para o crescimento da economia da zona euro são agora maiores "por causa da persistência de incertezas relacionadas com fatores geopolíticos e a ameaça do protecionismo, vulnerabilidades nos mercados emergentes e volatilidade nos mercados financeiros."
A decisão de mudar a avaliação de riscos foi "unânime", adiantou Draghi, durante a conferência de imprensa que decorreu em Frankfurt. Mas a avaliação sobre a duração do momento do abrandamento económico na zona euro dividiu os membros do conselho do BCE.
Há uma parte dos banqueiros centrais mais otimista: acredita que o abrandamento da China não será muito prolongado, que a disputa comercial vai abrandar e que o Brexit acabará por não afetar assim tanto. Mas a outra argumenta que "o abrandamento já dura há vários trimestres", explicou Draghi.
E a verdade é que, "se a incerteza generalizada persistir, devemos esperar um momento de abrandamento mais prolongado, para lá do final do ano", avisou.
Tendo em conta a divisão do conselho quanto à avaliação da persistência do abrandamento, Draghi explicou que o assunto voltará a ser discutido em março, na próxima reunião de juros, já com uma atualização das projeções de crescimento.
No comunicado com as orientações e as decisões de política económica, o BCE manteve o mesmo tom, não mudando a informação sobre o horizonte de subida de juros, ou sobre a duração do período de reinvestimentos do programa de compra de ativos. Mas as pistas deixadas na intervenção inicial e durante a conferência de imprensa vão ao encontro do sentimento do mercado, de que uma subida de juros pode não chegar a acontecer este ano.
Risco de recessão é baixo
Sobre o risco de uma recessão, o conselho foi "unânime" na avaliação de que o risco de uma recessão "é baixo". Draghi frisou que as condições financeiras continuam boas, que o mercado de trabalho se mantém robusto e que os preços da energia estão baixos, o que ajuda a suportar o rendimento disponível das famílias. Além disso, disse Draghi, "os balanços dos bancos estão muito mais fortes do que no início da crise".
É pelos mesmos motivos que o BCE defende que deverá ser apenas uma questão de tempo até que a subida dos salários se comece a refletir numa subida progressiva da inflação. Draghi explicou que a realidade da zona euro é heterogénea e que os motivos para que isso não esteja a acontecer são muito diferentes, consoante os países avaliados.
"Há países onde se está já em pleno emprego", frisou o presidente do BCE. E nesses países, as restrições ao crescimento são já a falta de mão-de-obra devidamente qualificada. Mas noutros países "o desemprego ainda está elevado, e consideravelmente elevado", somou. Essa disponibilidade de recursos trava a subida salarial e a procura, o que por sua vez conduz também ao abrandamento económico.
Juros no mínimo e recompras em pleno
Na reunião, o conselho do BCE decidiu assim manter inalteradas as taxas de juro diretoras, em mínimos históricos. Draghi fez questão se sublinhar que a política continua a ser "muito acomodatícia", contrariando até algumas avaliações de que o fim do programa de compra de ativos significava um "aperto".
Para o presidente do BCE, trata-se apenas de não continuar a aumentar o estímulos, mas não de reduzir os que já estão no terreno. Até porque a fase de reinvestimento do programa de compra de ativos vai continuar a prever o reinvestimento "pleno" e deverá durar para lá da primeira subida dos juros.
Questionado sobre se o mercado estava a fazer uma boa avaliação quando antecipa que a primeira subida já não se concretizará este ano, Draghi atirou para canto.
(Notícia atualizada às 14h58)
O presidente do BCE explicou que os riscos para o crescimento da economia da zona euro são agora maiores "por causa da persistência de incertezas relacionadas com fatores geopolíticos e a ameaça do protecionismo, vulnerabilidades nos mercados emergentes e volatilidade nos mercados financeiros."
Há uma parte dos banqueiros centrais mais otimista: acredita que o abrandamento da China não será muito prolongado, que a disputa comercial vai abrandar e que o Brexit acabará por não afetar assim tanto. Mas a outra argumenta que "o abrandamento já dura há vários trimestres", explicou Draghi.
E a verdade é que, "se a incerteza generalizada persistir, devemos esperar um momento de abrandamento mais prolongado, para lá do final do ano", avisou.
Tendo em conta a divisão do conselho quanto à avaliação da persistência do abrandamento, Draghi explicou que o assunto voltará a ser discutido em março, na próxima reunião de juros, já com uma atualização das projeções de crescimento.
No comunicado com as orientações e as decisões de política económica, o BCE manteve o mesmo tom, não mudando a informação sobre o horizonte de subida de juros, ou sobre a duração do período de reinvestimentos do programa de compra de ativos. Mas as pistas deixadas na intervenção inicial e durante a conferência de imprensa vão ao encontro do sentimento do mercado, de que uma subida de juros pode não chegar a acontecer este ano.
Risco de recessão é baixo
Sobre o risco de uma recessão, o conselho foi "unânime" na avaliação de que o risco de uma recessão "é baixo". Draghi frisou que as condições financeiras continuam boas, que o mercado de trabalho se mantém robusto e que os preços da energia estão baixos, o que ajuda a suportar o rendimento disponível das famílias. Além disso, disse Draghi, "os balanços dos bancos estão muito mais fortes do que no início da crise".
É pelos mesmos motivos que o BCE defende que deverá ser apenas uma questão de tempo até que a subida dos salários se comece a refletir numa subida progressiva da inflação. Draghi explicou que a realidade da zona euro é heterogénea e que os motivos para que isso não esteja a acontecer são muito diferentes, consoante os países avaliados.
"Há países onde se está já em pleno emprego", frisou o presidente do BCE. E nesses países, as restrições ao crescimento são já a falta de mão-de-obra devidamente qualificada. Mas noutros países "o desemprego ainda está elevado, e consideravelmente elevado", somou. Essa disponibilidade de recursos trava a subida salarial e a procura, o que por sua vez conduz também ao abrandamento económico.
Juros no mínimo e recompras em pleno
Na reunião, o conselho do BCE decidiu assim manter inalteradas as taxas de juro diretoras, em mínimos históricos. Draghi fez questão se sublinhar que a política continua a ser "muito acomodatícia", contrariando até algumas avaliações de que o fim do programa de compra de ativos significava um "aperto".
Para o presidente do BCE, trata-se apenas de não continuar a aumentar o estímulos, mas não de reduzir os que já estão no terreno. Até porque a fase de reinvestimento do programa de compra de ativos vai continuar a prever o reinvestimento "pleno" e deverá durar para lá da primeira subida dos juros.
Questionado sobre se o mercado estava a fazer uma boa avaliação quando antecipa que a primeira subida já não se concretizará este ano, Draghi atirou para canto.
(Notícia atualizada às 14h58)