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Draghi: “Concordo com Trichet”. Numa crise, países endividados estão de mãos atadas

O presidente do Banco Central Europeu sublinhou que os países mais endividados devem aproveitar o ambiente de juros baixos, e de crescimento robusto, para baixar o seu nível de endividamento.

reuters
13 de Setembro de 2018 às 15:17
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"Concordo com Trichet", disse Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira, 13 de Setembro, desafiado a comentar as declarações do seu antecessor, que sublinhou o perigo da actual situação financeira mundial. Draghi fez questão de notar as diferenças entre a Zona Euro e outras partes do globo, mas avisou que os países demasiado endividados estão de mãos atadas, caso surja uma nova crise mundial.

"As dívidas a nível mundial estão elevadas e a subir", reconheceu Mario Draghi, dizendo concordar com a avaliação feita na semana passada pelo ex-presidente do BCE, Jean Claude Trichet. Trichet defende que a situação financeira global está tão perigosa como em 2007-2008, quando o Lehman Brothers faliu e estalou a última grande crise económica mundal. 

Ainda assim, Draghi sublinhou uma diferença entre os países da moeda única e o resto do mundo: "Na Zona Euro, as dívidas também estão elevadas, mas a dívida privada está a diminuir, com uma desalavancagem significativa, tanto no sector financeiro, como não financeiro".

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de definição de política monetária, Mario Draghi repetiu recomendações: "Os países onde a dívida está elevada devem ser os primeiros a refazer as almofadas orçamentais porque se temos uma crise, não têm qualquer espaço de manobra." Esta mesma ideia é defendida pelo Fundo Monetário Internacional para, por exemplo, Portugal, que apesar de estar a reduzir o peso da dívida pública ainda deverá chegar ao final deste ano com um rácio superior a 120% do PIB. Também os economistas ouvidos pelo Negócios sobre a actual capacidade de resistência da economia portuguesa a uma eventual crise mundial frisaram a mesma fragilidade.

Mario Draghi já tinha dito que os países devem aproveitar o ambiente de crescimento robusto e de juros baixos para melhorar os saldos orçamentais e baixar as dívidas. Do mesmo modo, o presidente do BCE reagiu sem complacência às dúvidas que têm vindo a ser colocadas sobre a capacidade de Itália de cumprir as suas metas orçamentais: "A nossa tarefa não é assegurar que os défices orçamentais são financiados sob quaisquer circunstâncias."

Draghi fez questão de notar que tanto o primeiro-ministro italiano, como o ministro da Economia e o dos Negócios Estrangeiros reafirmaram que Itália vai cumprir as metas orçamentais e garantiu que, por enquanto, ainda não se verificou um efeito de contágio da alta de juros que o país está a sofrer nos mercados, a outras economias do euro.


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