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Draghi: “Concordo com Trichet”. Numa crise, países endividados estão de mãos atadas
O presidente do Banco Central Europeu sublinhou que os países mais endividados devem aproveitar o ambiente de juros baixos, e de crescimento robusto, para baixar o seu nível de endividamento.
"Concordo com Trichet", disse Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira, 13 de Setembro, desafiado a comentar as declarações do seu antecessor, que sublinhou o perigo da actual situação financeira mundial. Draghi fez questão de notar as diferenças entre a Zona Euro e outras partes do globo, mas avisou que os países demasiado endividados estão de mãos atadas, caso surja uma nova crise mundial.
"As dívidas a nível mundial estão elevadas e a subir", reconheceu Mario Draghi, dizendo concordar com a avaliação feita na semana passada pelo ex-presidente do BCE, Jean Claude Trichet. Trichet defende que a situação financeira global está tão perigosa como em 2007-2008, quando o Lehman Brothers faliu e estalou a última grande crise económica mundal.
Ainda assim, Draghi sublinhou uma diferença entre os países da moeda única e o resto do mundo: "Na Zona Euro, as dívidas também estão elevadas, mas a dívida privada está a diminuir, com uma desalavancagem significativa, tanto no sector financeiro, como não financeiro".
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de definição de política monetária, Mario Draghi repetiu recomendações: "Os países onde a dívida está elevada devem ser os primeiros a refazer as almofadas orçamentais porque se temos uma crise, não têm qualquer espaço de manobra." Esta mesma ideia é defendida pelo Fundo Monetário Internacional para, por exemplo, Portugal, que apesar de estar a reduzir o peso da dívida pública ainda deverá chegar ao final deste ano com um rácio superior a 120% do PIB. Também os economistas ouvidos pelo Negócios sobre a actual capacidade de resistência da economia portuguesa a uma eventual crise mundial frisaram a mesma fragilidade.