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BCE reuniu-se com bancos e fundos de investimento antes de decisões de política monetária

A notícia está a ser avançada esta tarde, 2 de Novembro, pelo Financial Times. Membros da cúpula do BCE tiveram encontros com bancos e representantes de fundos de investimento horas antes de anunciar importantes decisões de política monetária.

Andrew Harrer/Bloomberg
Negócios 02 de Novembro de 2015 às 19:24
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A fonte da informação são as minutas do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE) referentes ao período entre Agosto de 2014 e Agosto de 2015, cedidas ao FT ao abrigo da legislação de Liberdade de Informação. Nelas, são identificadas interacções com o sector privado, governos e media.

O jornal britânico sublinha que este comportamento contrasta com as regras seguidas pelo Banco de Inglaterra, que proíbe os responsáveis pelas decisões de política monetária de falarem com a comunicação social ou "outros interesses externos" na semana que antecede a decisão.

Os documentos mostram que Benoît Coeuré e Yves Mersch, do conselho executivo do BCE, se reuniram com o UBS um dia antes do encontro de decisão sobre a taxa de juro directora, que teria lugar a 3 e 4 de Setembro. Coeuré haveria de se encontrar na manhã de 4 de Setembro com o BNP Paribas, horas antes de o BCE anunciar uma surpreendente descida da taxa de juro de referência. Na mesma conferência de imprensa, Mario Draghi anunciou que o BCE colocaria no terreno um programa de compra de activos do sector privado.

No entanto, os encontros não foram apenas com a banca. Segundo o Financial Times, em Março deste ano, Coeuré teve um encontro com a BlackRock um dia antes da conferência de imprensa em que seriam revelados os pormenores do bilião de euros de compra de activos.

O hedge fund Algebris também teve direito a um frente-a-frente com Vítor Constâncio e Peter Praet no pico da crise grega. Os mesmos protagonistas acabariam por se encontrar de novo a 23 de Junho, com Praet a reunir-se com o BNP Paribas um dia antes e com a Pimco, gestora de activos obrigacionistas, no dia 25 de Junho.

"O período de silêncio refere-se a comunicações públicas antes de reuniões do conselho de governadores. Os mesmos princípios – não dar sinais sobre futuras políticas monetárias – são obviamente aplicados a reuniões bilaterais. De qualquer forma, o BCE não revelou informação sensível em nenhum fórum que não fosse público", explicou um porta-voz do BCE, citado pelo FT. 


Esta nova polémica surge poucos meses depois de ter ficado claro que Coueuré revelou que o BCE estava a planear acelerar a compra de activos em Maio e Junho. Comentários feitos para uma plateia de gestores de fundos, académicos e responsáveis financeiros, a que o resto da população só teve acesso na manhã seguinte, naquilo que o BCE classificou como um "erro de procedimento interno". 

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