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BCE: inflação pode descer mais depressa que o previsto. Corte de juros só com mais dados

Economista chefe do Banco Central Europeu acredita que o processo de desinflação pode acelerar nos próximos meses, mas ainda não é certo quando poderá iniciar-se ciclo de corte nos juros. Tudo vai depender dos dados que cheguem nos próximos meses.

Philip Lane, membro do conselho do BCE
Clodagh Kilcoyne/Reuters
Paulo Ribeiro Pinto paulopinto@negocios.pt 08 de Fevereiro de 2024 às 18:15

A desinflação pode acelerar nos próximos meses mais do que o previsto, mas o BCE continua à espera de dados que confirmem a trajetória de aproximação da inflação à meta dos 2% definida pela autoridade monetária, antes de avançar no corte de juros.

A indicação foi avançada esta quinta-feira pelo economista chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, numa conferência da Brookings Institution, em Washington, nos Estados Unidos. "A inflação pode diminuir mais depressa no curto prazo se os preços de energia evoluírem de acordo com a recente queda nas expectativas de mercado para os futuros dos preços do petróleo e gás", referiu o responsável.


Lane insistiu que precisam de mais dados: "E
m termos de uma avaliação geral de nossa política, precisamos estar mais avançados no processo de desinflação antes de podermos ter confiança suficiente de que a inflação atingirá a meta e estabilizará de forma sustentável."


O responsável deixou, no entanto, um aviso: "As
decisões sobre taxas de juros serão baseadas em nossa avaliação das perspetivas de inflação à luz dos dados económicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária", afirmou, reafirmando a narrativa da presidente do BCE nos últimos meses depois de terminado o ciclo de subidas da taxa de juro em setembro. "Há um risco plausível e economicamente significativo na questão salarial", disse Lane, referindo aos efeitos de segunda ordem que poderiam alimentar uma nova aceleração da inflação. 

Ou seja, tudo depende de uma trajetória clara e sustentada de abrandamento da inflação para iniciar uma redução dos juros. 


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) já vê cortes a acontecerem por altura do verão apontando para dois momentos de alívio da política monetária: o primeiro em julho e o segundo em outubro, fazendo descer a taxa de referência para os 3,5% no final deste ano. Um otimismo que não tem ainda sinalização por parte do BCE.
 

O economista-chefe da autoridade monetária do euro lembrou, por outro lado, que no último ano – entre janeiro de 2023 e janeiro deste ano – metade do processo de desinflação ficou a dever-se à energia, em boa parte por efeito base. O alívio nos constrangimentos no comércio internacional também apoiou este processo, bem como uma política monetária mais restritiva. 

 
"Em termos de uma avaliação geral de nossa trajetória de política, precisamos estar mais avançados no processo de desinflação antes de podermos ter confiança suficiente de que a inflação atingirá a meta de forma oportuna e se estabilizará de forma sustentável", concluiu Philip Lane.

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