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Trump: "Fase um" de acordo comercial com a China pode estar para "breve"

Num discurso feito no Economic Club of New York, o presidente norte-americano garantiu que a China está a "morrer" para chegar a acordo com Washington para equilibrar a relação comercial entre os dois blocos. Trump não abordou tarifas agravadas sobre automóveis importados da UE, mas aplicação deverá ser adiada por mais seis meses.

EPA
12 de Novembro de 2019 às 18:31
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Donald Trump esteve novamente no evento anual do Economic Club of New York e, invariavelmente, voltou a enaltecer as políticas levadas a cabo pela sua administração, sobretudo na frente económica e designadamente a disputa comercial promovida por Washington. 

O presidente dos Estados Unidos criticou as "más práticas comerciais" da China e defendeu que a disputa promovida por Washington contra Pequim está a dar resultado. Donald Trump sublinhou que "a China está a pagar" esta disputa, desde logo porque está a atravessar "o pior ano" em mais de meio século e, como tal, os chineses "estão mortos por chegar a acordo". Segundo a Bloomberg, em outubro, as exportações e importações chinesas voltaram a contrair, embora o défice comercial norte-americano nas trocas bilaterais com a China, que Trump prometeu combater, aumentou no mesmo período para 26,4 mil milhões de dólares.

Frisando que a obtenção, ou não, de um acordo comercial entre as duas maiores economias mundiais está na mão dos Estados Unidos, Trump adiantou que um compromisso poderá ser assinado em breve: "Estamos perto, a significativa 'fase um' do acordo pode acontecer em breve". Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, tinham planeado firmar este 'primeira fase" de um acordo comercial durante uma conferência no Chile que foi cancelada devido à crise politico-social que assola o país.

Mas se tal não acontecer, Trump garante, fiel ao seu estilo, que as tarifas aduaneiras aplicadas aos bens importados da China serão novamente reforçadas. A declaração do líder americano volta, pela enésima vez, a revestir de maior otimismo as perspetivas de um acordo capaz de pôr fim à espiral protecionista iniciada em 2018. 

No entanto, não é de afastar um novo retrocesso, tal como tem vindo a suceder repetidamente nesta negociação marcada por altos e baixos. Ainda recentemente foi noticiado que Estados Unidos e Pequim haviam chegado a um acordo preliminar para o levantamento gradual das taxas alfandegárias agravadas mutuamente impostas já a partir de dezembro, contudo Trump foi lesto a desmentir esse cenário. Na intervenção desta terça-feira, o governante não deixou qualquer indicação sobre os bens que poderão ser alvo do levantamento progressivo das taxas reforçadas.

Os indicadores sobre o impacto negativo da disputa comercial em curso com a China para a economia norte-americana são para Trump uma necessidade tendo em vista um bem maior, no caso a prossecução dos interesses americanos.

Trump não abordou tarifas aos automóveis europeus

A Casa Branca tem até esta quarta-feira para decidir se aplica a tarifa aduaneira de 20% à importação de carros e componentes automóveis oriundos da União Europeia ou se volta a adiar essa imposição por novos seis meses. Espeva-se que o presidente dos EUA desse algum sinal no discurso desta tarde, contudo tal não se verificou. 

Sobre as trocas comerciais com o bloco europeu, Donald Trump limitou-se a classificar as barreiras ao comércio impostas pela União como "terríveis e de muitas formas piores do que as impostas pela China". "Chamam a isso comércio justo, não é comércio justo, é comércio estúpido", atirou.

Entretanto, a Fox Business noticiou que Robert Lighthizer, o representante norte-americano para o Comércio, entrega amanhã, à Casa Branca, um relatório que deixa nas mãos de Trump a possibilidade de "atingir países específicos" com a referida taxa sobre veículos automóveis da UE e respetivas componentes. Contudo, antes o Politico já havia avançado que o cenário mais provável passa por um novo adiamento de seis meses. 

Fed novamente na mira

Já é recorrente e Trump voltou a criticar a atuação da Reserva Federal dos Estados Unidos. Para o presidente americano, o banco central liderado por Jerome Powell continua a dificultar a vida à Casa Branca ao penalizar a capacidade competitiva do país,.  

"Estamos a competir ativamente com nações que declaradamente cortam as taxas de juro", sustentou lembrando que a Fed "não deixa" os EUA fazerem o mesmo. Trump tem criticado a postura conservadora do banco central na dimensão dos cortes da taxa diretora - que foi reduzida nas últimas três reuniões da Fed, em 25 pontos base de cada vez.

Num discurso já a pensar na reeleição, e que se prolongou durante mais de uma hora, Donald Trump gastou boa parte do tempo a fazer auto-elogios à sua governação, lembrando o recorde de quase 7 milhões de novos postos de trabalho criados durante a sua administração ou a política comercial "100% favorável aos interesses" dos EUA. Sobre o futuro, garantiu que "o melhor ainda está para vir".


(Notícia atualizada às 19:00)

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