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Depois de novos máximos históricos, Wall Street fecha com ganhos tímidos
As bolsas norte-americanas encerraram em alta ligeira, depois de terem chegado a atingir novos recordes durante a sessão. As palavras de Trump sobre as relações comerciais com a China convidaram à prudência. Foi um "toca e foge" de terreno de recordes.
O Dow Jones fechou a somar 0,01% 27.694,90 pontos, depois de ter estado a negociar maioritariamente no vermelho após o discurso desta tarde por parte do presidente dos EUA.
Já o S&P 500 avançou 0,16% para 3.091,84 pontos, já um pouco distanciado do máximo histórico atingido durante a sessão - quando se estabeleceu nos 3.102,61 pontos.
Também o tecnológico Nasdaq Composite alcançou hoje o valor mais alto de sempre, na negociação intradiária, ao tocar nos 8.514,84 pontos – mas encerrou depois com um ganho morno de 0,26% para se fixar nos 8.486,09 pontos.
O presidente norte-americano, Donald Trump, fez esta tarde o aguardado discurso sobre a economia do país, e o que disse sobre as fricções comerciais acabou por deixar os investidores mais cautelosos.
Recorde-se que depois do anúncio – feito na semana passada – de que Washington e Pequim iriam assinar um acordo comercial parcial (de "fase um"), provavelmente em dezembro, tinha sido posteriormente avançado que ambas as partes iriam começar também a retirar faseadamente as tarifas aduaneiras impostas ao longo do último ano e meio, o que animou bastante as bolsas.
Entretanto, na sexta-feira os EUA contrariaram essas informações, com Donald Trump a dizer que não existia ainda qualquer entendimento com a China sobre a retirada das taxas alfandegárias.
Hoje, o chefe da Casa Branca declarou que o referido acordo de "fase um" poderá estar para breve, o que contribuiu para uma valorização em Wall Street. Mas em seguida ameaçou proceder a substanciais agravamentos das taxas aduaneiras sobre os produtos chineses se esse acordo parcial não for assinado, o que levou as principais bolsas do outro lado do Atlântico a cederem nos ganhos – com os investidores a pesarem a possibilidade de haver ou não acordo entre as duas maiores economias do mundo.
Trump também aproveitou para fazer uma crítica costumeira, que incidiu sobre a Reserva Federal norte-americana, que, no seu entender, continua a penalizar a capacidade competitiva do país.
"Estamos a competir ativamente com nações que declaradamente cortam as taxas de juro", sustentou, lembrando que a Fed "não deixa" os EUA fazerem o mesmo. Trump tem criticado a postura conservadora do banco central na dimensão dos cortes da taxa diretora - que foi reduzida nas últimas três reuniões da Fed, em 25 pontos base de cada vez.
Mas estes cortes da Fed, apesar de não terem a envergadura desejada por Trump, têm contribuído para animar os mercados. Os últimos dados macroeconómicos têm entretanto afastado os receios de contração da economia, o que leva a que estejam a diminuir as apostas num quarto corte da taxa diretora na reunião de dezembro.
A Gains Pains and Capital, numa nota de análise a que o Negócios teve acesso, recorda que da última vez que a Fed cortou juros três vezes seguidas quando a economia dos EUA estava em crescimento foi em 1998. E o que sucedeu? "As bolsas subiram aproximadamente 60% nos dois anos seguintes", frisa o referido "research".
Se agora ocorrer um "rally" da mesma dimensão, isso significará que o S&P 500 se aproximará dos 5.000 pontos. "Curiosamente, a análise técnica do gráfico de longo prazo deste índice mostra que tal é possível, especialmente com a recente escalada", que levou a novos máximos históricos sucessivos em Wall Street", frisa Graham Summers, principal estratega da Phoenix Capital Research, na nota de análise da Gains Pains Capital.
Na negociação desta terça-feira, a farmacêutica AbbVie foi um dos destaques pela positiva, ao ganhar terreno com a notícia daquela que poderá ser a maior venda de obrigações do ano para financiar a compra da Allergan.
Também a Walt Disney negociou em alta, no dia em que arrancou o seu serviço de streaming Disney+.