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NSA afirma que foi França e Espanha a espiar e a passar a informação para Washington

Como num jogo de ténis agora foi a vez de os norte-americanos passarem a bola para o campo europeu e, assim, ganharem algum respaldo face às inúmeras acusações de que têm sido alvo no caso de espionagem. Muitas dúvidas permanecem no ar.

Reuters
29 de Outubro de 2013 às 22:02
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A espionagem e a recolha de dados em países europeus como a França e Espanha terão sido, afinal, acções empreendidas pelas próprias agências de informação destes países. Primeiro foi o “The Wall Street Journal” a avançar esta informação, com base em relatos de responsáveis da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, que pediram anonimato. Depois foi o próprio director-geral da NSA, Keith Alexander, a confirmar que foram as próprias agências de informação francesas e espanholas a proceder à intercepção de milhões de chamadas telefónicas e a partilharem, depois, esses dados com a NSA.

 

“Para ser completamente claro, nós não recolhemos informações sobre cidadãos europeus”, atirou Alexander. As notícias publicadas pelo “L’Espresso”, pelo “Le Monde” e pelo “El Mundo” são “completamente falsas", referiu, sublinhando que os “dados foram fornecidos à NSA” por agências europeias. Estas foram as garantias dadas por Keith Alexander numa audição, esta segunda-feira à tarde, na Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes.

 

O director da NSA aproveitou para tentar descredibilizar o ex-analista de dados da NSA, Edward Snowden, responsável pela compilação e divulgação de documentos classificados que colocam em causa as práticas de espionagem utilizadas pelos serviços secretos norte-americanos: “Os jornais e a pessoa que roubou os documentos classificados não compreenderam o que tinham diante dos olhos”, rematou.

 

Parece cada vez mais evidente o envolvimento das secretas de países europeus na troca de informação confidencial com a inteligência americana. Independentemente da credibilidade das palavras do director da NSA, a verdade é que existem várias notícias que indiciam a cooperação entre as várias agências. O cruzamento de dados como arma de combate ao terrorismo foi prática crescente no pós-11 de Stembro.

 

Primeiro foi a revista “Der Spiegel” a noticiar o eventual envolvimento das secretas alemãs na troca massiva de dados sobre cidadãos, que provavelmente incluiriam informações de civis alemães. Na semana passada o “L’Espresso”, sustentado nos documentos que Snowden passou ao antigo jornalista do “The Guardian”, Gleen Greenwald, adiantava que as secretas britânicas teriam recolhido um grande volume de dados a partir dos cabos de fibra-óptica que passam no mar da Sicília.

 

Escutas a líderes internacionais

 

No entanto as garantias deixadas pela NSA não esclarecem sobre o real envolvimento da agência americana nos programas de inteligência que terão espiado  as comunicações de pelo menos 35 líderes políticos internacionais, entre os quais se contam líderes de vários países “amigos e aliados”.

 

A senadora Dianne Feinstein, uma das grandes apoiantes dos procedimentos da NSA e líder da Comissão de Serviços Secretos do Senado, acusou a agência de agir à margem do Congresso e da Casa Branca, tendo depois pedido uma “reavaliação profunda” das práticas seguidas pela inteligência americana.

 

Feinstein quis ainda ilibar Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, de qualquer responsabilidade: “De acordo com as informações que recebi, o presidente Obama desconhecia que as comunicações de Angela Merkel, chanceler alemã, estivessem a ser vigiadas desde 2002”. A senadora aproveitou também para garantir que a administração Obama já tinha decidido pela interrupção da recolha de dados de países europeus. “A Casa Branca informou-me que a recolha [de dados] dos nossos aliados não vai continuar”, adiantou.

 

Uma vez mais, continuam por ser prestados maiores esclarecimentos sobre a espionagem a políticos e líderes internacionais. Até este momento surgem apenas informações e eventuais decisões sobre a recolha de dados a civis, neste caso de países europeus. Obama não teria conhecimento, por via oficial, das escutas a Merkel, mas poderia ter conhecimento por via não oficial. Fonte oficial da NSA citada pelo "The Wall Street Journal" esclarecia que a NSA não pretendia "ofender sensibilidades diplomáticas".

 

Alemanha, Espanha e Itália continuam a aguardar mais esclarecimentos. O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedich, avisou que “se alguém aqui na embaixada ou noutro lugar for responsável ou culpado nesta questão, será sancionado ou, se pertencer ao corpo diplomático, deverá abandonar o país”.

 

 

 

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