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Alemanha ameaça com expulsão de diplomatas americanos caso se confirme espionagem

O Governo alemão avisou que se os actos de espionagem ao telefone pessoal de Angela Merkel se confirmarem, o corpo diplomático norte-americano poderá ser expulso de solo alemão. Este caso poderá colocar ainda mais entraves à formação de Governo na Alemanha.

Reuters
29 de Outubro de 2013 às 18:48
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O ministro do Interior da Alemanha, Hans-Peter Friedich, advertiu os responsáveis políticos norte-americanos, que se vierem a ser confirmadas as acusações que pairam sobre a Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, sobre escutas a responsáveis alemães e ao telemóvel de Angela Merkel, chanceler alemã, em particular, “terão de ser retiradas as devidas consequências”.

 

Em entrevista à cadeia pública alemã, “ARD”, Friedich vai mais longe: “É evidente que se alguém aqui na embaixada ou noutro lugar for responsável ou culpado nesta questão, será sancionado ou, se pertencer ao corpo diplomático, deverá abandonar o país”. O ministro alemão desdramatiza a eventual radicalização e sublinha que “não seria a primeira vez que se expulsa do país um diplomata de uma embaixada”.

 

Para o governante alemão, Estados Unidos e Alemanha, deviam enfrentar esta questão com uma “resposta conjunta”, cita o “El País”, lamentando que Washington ainda não esteja capaz de responder às dúvidas provenientes de Berlim. Acrescenta ainda que a Alemanha deve retirar as devidas consequências dos acontecimentos revelados e repensar toda a política de troca de informações com Washington. Todavia Friedich salvaguarda que “não se deve cometer o erro de colocar em questão” as relações bilaterais entre os dois países que classificou de “boas e necessárias”.

 

Esta é até ao momento a posição de maior dureza adoptada por responsáveis do executivo alemão, desde que na semana passada a revista “Der Spiegel” avançou que a NSA mantinha sob escuta o telefone pessoal de Merkel. A esta informação, proveniente dos documentos classificados que têm vindo a ser tornados públicos por Edward Snowden, ex-consultor independente da NSA, junta-se a notícia de que terão sido pelo menos 35 líderes mundiais a estar sob vigia da inteligência americana.

 

À hora a que este artigo está a ser escrito, dois dos maiores especialistas norte-americanos em espionagem estão a ser ouvidos no Congresso. O “New York Times” garante que Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, pretende aprovar legislação no sentido de limitar ou proibir todas as práticas da inteligência americana que consistam em manter sob vigia líderes políticos de países aliados. O “Guardian” avança que oficiais das agências de serviços secretos americanas estão a preparar relatórios, sobre a espionagem a líderes mundiais, que deverão ser entregues a Obama dentro de duas semanas.

 

 

Coligação alemã

 

A notícia de que Merkel teria sido escutada por Washington caiu como uma bomba na Alemanha e poderá perturbar as negociações para a formação de uma grande coligação. A CDU de Merkel e o seu tradicional parceiro, os bávaros da CSU, estavam em plenas negociações com o SPD quando as escutas a Merkel tomaram conta da agenda mediática. As negociações, que se previa poderem durar até Dezembro ou Janeiro dada a divergência na distribuição das pastas, ficam, agora, ainda mais complexas.

 

A formação de um comité para a investigação às acções da inteligência americana pode ser o primeiro grande teste a uma coligação que ainda não foi sequer formalizada. Tanto a CDU como o SPD poderão escolher testemunhas que possam avançar com informações comprometedoras para cada um dos lados, avança a “Der Spiegel”. Outra dificuldade decorre da possibilidade de se confirmar um papel do Governo de Merkel na troca de informações sobre civis alemães com as secretas norte-americanas, tal como aventado pela revista alemã em Agosto passado. Na Alemanha ainda estão bem presentes os fantasmas ligados à polícia política, Stasi, que actuava na Alemanha comunista (RDA)

 

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