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Mugabe demite-se para facilitar transição de poder

O ainda presidente do Zimbabwe anunciou que renuncia à liderança do país de forma a assegurar uma "tranquila transição de poder". O anúncio foi feito logo após o Parlamento do país ter iniciado processos para a destituição do ditador.

21 de Novembro de 2017 às 16:03
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Aos 93 anos de idade, Robert Mugabe demitiu-se com efeitos imediatos de presidente do Zimbabwe, colocando um ponto final a 37 anos à frente dos destinos da antiga Rodésia, desde a independência proclamada em 1980. O anúncio foi feito pelo presidente do Parlamento do país, Jacob Mudenda, que leu uma carta escrita pelo ditador africano. 

Na missiva, Mugabe assegura que a demissão é uma decisão voluntária tomada para possibilitar uma "tranquila transição de poder" no país. O anúncio surge com alguma surpresa já que ainda no domingo o líder africano havia rejeitado afastar-se, isto apesar dos protestos que ocuparam as ruas na sequência das acções militares que colocaram o então presidente em prisão domiciliária.

A demissão ganhou forma pouco depois de o parlamento do Zimbabwe ter iniciado, esta terça-feira, 21 de Novembro, procedimentos com vista à destituição do ditador. Quando Jacob Mudenda comunicou a decisão de Mugabe aos deputados, irromperam festejos no parlamento que ainda hoje começara a tratar do "impeachment" do presidente. Confirmada a demissão, o presidente do parlamento suspendeu o processo de destituição de Mugabe.

Este é o desfecho, pelo menos no que a Mugabe diz respeito, do golpe militar promovido na semana passada, durante a noite de 14 de Novembro, e através do qual o Exército do Zimbabwe assumiu as rédeas do país, uma resposta à demissão de Emmerson Mnangagwa, há longos anos o número dois do presidente. Mugabe pretendia que a sua mulher, Grace, assumisse a liderança do Zimbabwe em detrimento de Mnangagwa, que beneficiou da forte ligação aos militares para encostar o presidente do país à parede. 

Antes da demissão e do início dos procedimentos parlamentares para destituir o presidente, Mugabe já tinha sido expulso, no fim-de-semana, do seu partido (ZANU-PF), que o instou a abdicar da presidência do Zimbabwe. Ainda assim, a saída de Mugabe pelo próprio pé coincide com a estratégia do Exército e do ZANU-PF que pretendiam a saída do presidente por sua iniciativa.

Mas se este é o culminar do movimento militar iniciado na semana passada, resta ainda conhecer as consequências para o Zimbabwe, já que existe grande rivalidade entre a elite do país para suceder a Robert Mugabe, sendo certo que Mnangagwa é apontado como o "homem que se segue". 
(Notícia actualizada às 16:32)
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