Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Mugabe detido pelo exército do Zimbabwe, que controla a capital

O exército do Zimbabwe anunciou esta quarta-feira que tem sob custódia o presidente e a mulher, controla os edifícios oficiais e patrulha as ruas da capital, após uma noite de agitação que incluiu a tomada da televisão estatal.

Reuters
15 de Novembro de 2017 às 09:49
  • ...
A acção dos militares gerou especulação quanto a um golpe de estado, mas os apoiantes dos militares disseram tratar-se de uma "correcção sem derramamento de sangue", escreve a Associated Press.

Soldados armados em veículos blindados estão hoje estacionados em pontos-chave da cidade de Harare, enquanto os residentes formam longas filas nos bancos para levantar dinheiro, uma operação de rotina num país em crise financeira.

As pessoas olham para os seus telefones para ler sobre a tomada do exército, enquanto outros se deslocam para o trabalho ou para as lojas.

Num discurso à nação após a tomada do controlo da televisão estatal, o major general Sibusiso Moyo disse esta madrugada que o objectivo da acção são os "criminosos" que rodeiam o Presidente, Robert Mugabe, e que os militares pretendem assegurar que a ordem do país é restaurada.

Não foi divulgado o paradeiro de Robert Mugabe, de 93 anos, e da sua mulher, Grace Mugabe, de 52, mas o casal estará alegadamente sob custódia. "A sua segurança está garantida", disse Moyo.

"Nós desejamos deixar bem claro que isto não é um golpe militar", disse.

"Estamos apenas a visar criminosos em torno dele [Robert Mugabe] que cometem crimes que estão a causar sofrimento económico e social no país, de modo a levá-los à justiça", afirmou o exército através dos 'media' estatais.

"Assim que tivermos cumprido a nossa missão, esperamos que a situação volte à normalidade", acrescentou Moyo.

O porta-voz do exército pediu às igrejas para rezarem pelo país e instou as outras forças de segurança a "cooperarem para o bem da nação", advertindo que "qualquer provocação terá uma resposta adequada".

Todas as tropas receberam ordens para retornarem ao quartel imediatamente, disse Moyo. A transmissão da televisão passou da sede da ZBC para perto de um subúrbio de Harare, em Borrowdale.

Durante a noite, pelo menos três explosões foram ouvidas na capital, Harare, e veículos militares foram vistos nas ruas.

A embaixada dos Estados Unidos está hoje fechada ao público e encorajou os cidadãos a procurarem refúgio, citando "a continuada incerteza política ao longo da noite".

A embaixada britânica emitiu um aviso similar, citando "relatórios de actividade militar invulgar".

O Zimbabué vive pela primeira vez uma divergência aberta entre o Presidente, que dirige o país desde 1980, e o exército.

A tensão escalou na semana passada depois de Mugabe ter despedido o seu vice-presidente e aliado de longa data, Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, que tinha estreitas ligações com os militares.

Na segunda-feira, o chefe das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga, condenou a demissão do vice-presidente do país, e avisou que o exército poderia "intervir" se não acabasse a "purga" dentro do Zanu-PF, partido no poder desde a independência do Zimbabué, em 1980.

O partido Zanu-PF, de Mugabe, reagiu no dia seguinte ao aviso sem precedentes, acusando o chefe das Forças Armadas de "conduta de traição", afirmando que as críticas do general Constantino Chiwenga se destinavam "claramente" a perturbar a paz nacional e demonstravam uma conduta de traição, "já que foram feitas para incitar à sublevação".

Mnangagwa, há muito considerado o delfim do Presidente, foi humilhado e demitido das suas funções e fugiu do país após um braço-de-ferro com a primeira-dama, Grace Mugabe.

Figura controversa conhecida pelos seus ataques de cólera e dirigente do braço feminino do partido do marido, Grace Mugabe tem muitos opositores, tanto no partido, como no Governo.

Com este afastamento, fica na posição ideal para suceder ao marido, que, apesar da idade avançada e da saúde frágil, foi nomeado pela Zanu-PF como candidato às eleições presidenciais de 2018.
Ver comentários
Saber mais Zimbabwe Harare Robert Mugabe golpe
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio