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Merkel afirma que “espionagem entre amigos é inaceitável”

A chanceler alemã revelou o teor da conversa telefónica com Obama. Terá avisado o seu homólogo que as práticas de espionagem levadas a cabo pelos norte-americanos são “inaceitáveis” e que é necessário “restabelecer a confiança entre aliados”. Serviços ingleses também terão vigiado as comunicações de países europeus, segundo o jornalista a quem Snowden entregou documentação classificada.

Reuters
24 de Outubro de 2013 às 18:59
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À chegada a Bruxelas para a cimeira de dois dias da União Europeia, que ficará marcada pelo caso das escutas norte-americanas, a chanceler alemã, Angela Merkel, não podia não pronunciar-se sobre as notícias da passada quarta-feira que implicam os serviços secretos americanos na monitorização do telemóvel pessoal da líder alemã. “Não se trata apenas de mim, mas de todos os cidadãos alemães. Precisamos confiar nos nossos aliados e parceiros, e essa confiança tem de ser restabelecida novamente”, avisou.

 

“Espionagem entre amigos não pode acontecer”, lembrava Merkel ao mesmo tempo que revelava ter dito a Brack Obama, presidente norte-americano, que tais práticas “são inaceitáveis”. Esta reacção surge no seguimento de informações avançadas pelo Governo alemão, que afirma que a Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) vigiou as chamadas telefónicas da líder democrata-cristã.

 

Mas a agenda desta quinta-feira não fica por aqui. Depois da conversa telefónica de ontem entre Obama e Merkel, o embaixador norte-americano em Berlim, John Emerson, foi convocado para uma conversa, esta quinta-feira, com o ministro alemão dos negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle. Françõis Hollande, presidente francês, e Merkel têm agendada para hoje uma cimeira bilateral, à margem do encontro europeu, para discutir uma resposta conjunta aos factos que vão sendo conhecidos.

 

O jornalista, Gleen Greenwald, que trabalhava no “Guardian” quando o consultor independente da agência de informação americana, Edward Sonwden, lhe entregou documentação classificada que põe a descoberto uma série de práticas e procedimento irregulares dos serviços secretos norte-americanos, revelou ao jornal italiano “L’Espresso que “a NSA tem várias operações de espionagem, também a governos europeus, incluindo o italiano”.

 

Greenwald avança que os documentos que lhe foram entregues por Snowden sustentam que “o programa Tempora  [conduzido pelos serviços secretos britânicos] também espiou o tráfego de telefone, internet e correio electrónico transportado nos cabos de fibra-óptica que passam  sob o mar da Sicília”. O jornal italiano confirma que a espionagem britânica pretendia proteger os interesses económicos ingleses bem como conhecer “as intenções políticas de governos estrangeiros”.

 

Por fim, Greenwald garante que a inteligência italiana tinha conhecimento destas práticas, levadas a cabo por norte-americanos e, percebe-se agora, ingleses. O “La Repubbica” cita uma fonte dos serviços transalpinos que não acredita “na possibilidade” destes terem tido conhecimento prévio das práticas enunciadas. Recorde-se que no mês de Agosto, a revista alemã “Der Spiegel” noticiou, no decorrer do caso Snowden, que a “troca massiva” de informação entre os serviços secretos norte-americanos e alemães era uma realidade e que os últimos teriam providenciado dados sobre cidadãos alemães aos espiões americanos.

 

A dimensão e as eventuais práticas de espionagem cruzada entre diversos serviços de informação dificultam uma percepção objectiva dos dados até agora revelados. Sabe-se que para além, por exemplo, do Irão, a espionagem americana manteve sob vigia as comunicações de cidadãos e, ou responsáveis governamentais e, ou empresas de vários países aliados como o México, o Brasil, França, Alemanha e também Itália.

 

Todavia o “Telegraph” escreve, também esta quinta-feira, sobre a possibilidade de o próprio David Cameron, primeiro-ministro inglês, ter estado sob vigia dos americanos, informação entretanto desmentida pela Casa Branca, que não fez o mesmo em relação à questão do telemóvel de Merkel. No telefonema entre a chanceler alemã e Obama, este terá afirmado que os Estados Unidos “não estão a monitorizar nem irão monitoriza” as comunicações da líder alemã.

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