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Lagarde lembra em Davos que alertou para o risco do populismo

"Eu bem avisei", lembrou a directora-geral do FMI durante um debate realizado esta quarta-feira no Fórum Económico Mundial, sublinhando que tinha alertado para o risco do populismo emergir em resposta ao crescimento das desigualdades e à crise da classe média.

Reuters
18 de Janeiro de 2017 às 11:09
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A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) lamentou não ter "tido muita atenção" quando avisou para os riscos relacionados com o aumento das desigualdades que, entretanto, acabou por alimentar o surgimento e crescimento de forças populistas.

 

"Espero que agora as pessoas prestem atenção", disse Christine Lagarde durante um debate realizado ao início da manhã desta quarta-feira, 18 de Janeiro, em Davos, onde decorre o Fórum Económico Mundial, e que teve como objectivo discutir a crise das classes médias.  

 

Lagarde sublinhou a indisponibilidade da opinião pública, e dos economistas em particular, inclusivamente do FMI, para reconhecer, a partir de 2013, a "importância das desigualdades" e "providenciar políticas que pudessem responder" ao problema. Resultado, deu-se uma crise das classes médias que também contribuiu para o reforço do populismo.

 

Reconhecendo que as classes médias das economias avançadas vivem uma grave crise, Lagarde notou o paradoxo que consiste no facto de a classe média estar a "aumentar e a encolher" em simultâneo, isto porque enquanto em termos globais aumentou de 7% para 13%, nos Estados Unidos, por exemplo, encolheu de 60% para 50% da população americana. Ao mesmo tempo os mais ricos estão cada vez mais ricos, acrescentou.

 

"Menores crescimentos, maior desigualdade e muito maior transparência", são para a directora do Fundo os "ingredientes para uma crise das classes médias nas economias avançadas", explicou a dirigente francesa que vê hoje estes factores aliados à falta de confiança, esperança e desânimo em relação ao futuro.

 

Como tal, Lagarde não fica espantada com o crescimento de forças populistas e avisa que é necessário encontrar respostas para o descontentamento generalizado das populações.

 

No entender da líder da instituição sediada em Washington, são necessárias mais reformas estruturais e orçamentais e políticas monetárias efectivas, incluindo uma melhor redistribuição da riqueza. Recordando a este propósito o relatório produzido pela Oxfam que mostra que as oito pessoas mais ricas do planeta detêm uma riqueza equivalente à detida pela metade mais pobre da população mundial.

 

Lagarde defendeu ainda que a globalização precisa de uma "nova viragem", desde logo para perceber como responder à questão relacionada com a perda de postos de trabalho em função da evolução tecnológica.

 

Padoan também fala em crise das classes médias

 

Também participante no debate promovido pela Bloomberg no âmbito do Fórum de Davos, o diagnóstico feito pelo ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan, coincidiu em grande parte com o evidenciado por Lagarde.

 

Padoan também considera que as classes médias estão "em crise" e que se verifica uma insatisfação global, defendendo também a importância de uma melhor e mais equitativa distribuição dos rendimentos que responda às expectativas das pessoas.

 

O governante transalpino terminou o debate apresentando um plano de três pontos dirigido a responder aos desafios enfrentados de uma forma geral pelo mundo ocidental: levar o populismo a sério; perceber que não há soluções fáceis para os problemas que alimentar o populismo; e a necessidade de os políticos e legisladores terem uma visão para um futuro melhor, algo que Padoan considera estar a faltar na Europa.

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