Notícia
"Estamos quites", diz o Irão. "Tudo está bem", afiançam EUA
O Irão cumpriu a ameaça e atacou alvos norte-americanos. Os mísseis acabaram por não provocar "baixas" junto das tropas dos EUA e Trump disse que tudo está bem. Teerão disse reiteradamente que só agiu de forma proporcional ao ataque que vitimou o general Soleimani e que agora estão quites. O Negócios acompanhou os desenvolvimentos mais relevantes.
- Irão ataca bases norte-americanas no Iraque
- Operação "Mártir Soleimani"
- EUA confirmam ataques
- Bolsas a descer, ouro e petróleo a capitalizar
- Três ataques contra posições em Erbil
- FAA restringe voos no espaço aéreo do Golfo Pérsico
- Bolsas asiáticas acompanham queda de Wall Street. Petróleo continua a disparar
- Irão cessa ataques se EUA não retaliarem
- Trump não fala ao país esta noite
- "Baixas" do lado iraquiano
- "Está tudo bem", diz Trump
- 15 mísseis lançados
- Irão respondeu "proporcionalmente"
- Irão diz ter matado "80 terroristas" norte-americanos. EUA desmentem
- Trump pode atacar instalações petrolíferas iranianas, diz senador republicano
- Bolsa nacional abre em queda. Ouro e petróleo sobem
- Mísseis foram uma "chapada na cara dos EUA
- EUA "vão perder a perna" no Médio Oriente
- Companhias aéreas redirecionam voos para evitar espaço aéreo no Médio Oriente
- Produção de petróleo no Iraque não está a ser afetada
- Israel ameaça com resposta "retumbante" caso país seja atacado
- UE apela ao fim da "espiral de violência" e oferece-se para promover diálogo
- Lufthansa e Air France suspendem voos entre Iraque e Irão
- Alemanha condena ataque do Irão contra bases no Iraque
- Militares portugueses estão fora de qualquer perigo
- Teerão informou Iraque antes dos ataques contra forças norte-americanas
- Portugal condena ataques do Irão contra forças norte-americanas no Iraque
- Bolsas atenuam quedas. Petróleo e ouro pairam perto em máximos
- Trump reage a ataques às 16:00
- Bolsas norte-americanas também abrem em alta
- Ataque do Irão evitou morte de soldados dos EUA de forma deliberada
- A declaração de Trump sobre os ataques do Irão
- Trump diz que Irão está a dar sinais de recuo
- S&P500 atinge novo máximo histórico e petróleo cai mais de 3%
- Democratas criticam estratégia de Trump
- "Estamos quites"
- "House" analisa limitação de poderes de Trump para decidir ações militares
- Duas explosões na zona verde de Bagdad
- Tudo tranquilo em Bagdad
O Irão cumpriu a ameaça e atacou alvos norte-americanos, com o lançamento de mais de uma dúzia de mísseis.
O primeiro ataque a ser conhecido foi contra a base aérea norte-americana de Ayn al-Asad, no oeste do Iraque, em retaliação pela morte de um general durante uma ofensiva dos EUA na passada sexta-feira.
Pouco depois, o Pentágono informou que duas bases dos EUA no Iraque tinham sido alvo de mísseis.
Operação "Mártir Soleimani". É este o nome da ofensiva lançada por Teerão contra bases aéreas norte-americanas no Iraque, em resposta a um ataque dos EUA levado a cabo na sexta-feira junto ao aeroporto de Bagdad e que culminou com a morte de Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds.
A notícia do primeiro ataque, contra a base aérea de Ayn al-Asad, foi avançada pela estação de televisão russa RT, que citava o Exército de Guardiães da Revolução Islâmica – uma divisão das forças armadas do Irão conhecida como Guarda Revolucionária Iraniana.
Foram lançados vários mísseis contra aquela base aérea dos EUA, referiu a mesma fonte.
Full vidoe showing #Iran #ballisticmissiles hitting #us basses in #Iraq #IranvsUSA #IRGC pic.twitter.com/gwU7DfoKqS
— Jewish Breaking News (@JBN) January 8, 2020
Um funcionário do Departamento norte-americano da Defesa confirmou esta noite – já madrugada de quarta-feira - os ataques contra posições dos EUA no Iraque.
"Estamos a par dos relatos de ataques a instalações dos EUA no Iraque", afirmou entretanto Stephanie Grisham, do departamento de imprensa da Casa Branca. "O Presidente [Donald Trump] já foi informado e está a monitorizar a situação de perto e em consultas com a sua equipa de segurança nacional", acrescentou, citada pela Bloomberg.
Também o Pentágono confirmou a ofensiva iraniana, tendo sublinhado que o Irão atacou dois alvos norte-americanos no Iraque: o primeiro contra a base aérea de Ayn al-Asad, no oeste daquele país, e o segundo contra Erbil (no Curdistão iraquiano).
It is clear that these missiles were launched from Iran & targeted at least two Iraqi military bases hosting U.S. military & coalition personnel at Al-Assad & Irbil.
— Department of Defense (@DeptofDefense) January 8, 2020
We are working on initial battle damage assessments.
PENTAGON statement :
— Joyce Karam (@Joyce_Karam) January 8, 2020
• More than Dozen ballistic missiles launched from Iran
• Targeted at least 2 US joint bases in Iraq
• Working on damage assessment
• Defenses been reinforced
• Evaluating situation pic.twitter.com/YaXPbW5WG1
Não há ainda informações sobre quaisquer danos materiais ou "baixas" junto das tropas norte-americanas.
Recorde-se que o Irão prometeu uma "vingança terrível" após a morte de Soleimani, tendo os EUA decidido em seguida enviar mais 3.000 tropas para o Médio Oriente.
No arranque desta semana, Donald Trump prometeu "enormes represálias" se Teerão fizesse "alguma coisa", mas o seu homólogo iraniano, Hassan Rouhani, não se deixou ficar, tendo advertido: "jamais ameacem a nação iraniana".
Os mercados estão já a reagir: na negociação do "after hours" (fora do horário regular) em Wall Street, os principais índices bolsistas estão a aprofundar as quedas.
O escalar de tensões entre Washington e Teerão, depois de os EUA terem abatido o general iraniano, tem estado nos últimos dias a afastar os investidores das ações, que são consideradas um ativo de risco.
A preferência dos intervenientes nos mercados tem sido dada a ativos mais seguros, os chamados valores-refúgio, como o ouro, obrigações e algumas divisas (dólar norte-americano, franco suíço e iene).
O ouro está a escalar nos mercados e negoceia acima dos 1.600 dólares por onça pela primeira vez desde 2013.
Já o petróleo segue a ganhar terreno e dispara 3% no mercado nova-iorquino, devido aos receios de perturbação da oferta desta matéria-prima, nomeadamente no Estreito de Ormuz.
O investigador Abdulla Hawez, especialista em política do Médio Oriente, publicou um tweet dizendo que, segundo fontes curdas, um terceiro ataque com mísseis iranianos na zona de Erbil (Curdistão iraquiano) teve como alvo uma base militar dos EUA em Harir (norte de Erbil).
A source close to KRG PM confirms rockets targeted American consulate and Erbil airport but they have all been thwarted, no damage reported:https://t.co/9bKlAvYxxl
— Abdulla Hawez (@abdullahawez) January 8, 2020
Segundo Hawez, perto do aeroporto internacional de Erbil estão estacionadas tropas norte-americanas. "Assim, os três alvos em Erbil são instalações dos EUA: dois são bases norte-americanas e o terceiro é o consulado dos Estados Unidos".
Ainda segundo o mesmo investigador, os mísseis destinados ao aeroporto de Erbil e ao consulado norte-americano foram intercetados.
Pictures of IRGC rocket landed in an empty place near Erbil’s international airport. pic.twitter.com/U1hneJAv1x
— Abdulla Hawez (@abdullahawez) January 8, 2020
Além destes três alvos em Erbil, o primeiro ataque reportado foi contra uma base aérea dos EUA no oeste do Iraque, em Ayn al-Asad.
A Agência Federal da Aviação (FAA, na sigla original), entidade norte-americana responsável por todos os domínios da aviação civil nos Estados Unidos, emitiu uma restrição de emergência para o espaço aéreo no Golfo Pérsico e outras zonas, avançou a Associated Press.
A FAA refere o "potencial para más identificações e maus cálculos", pelo que proibiu os pilotos norte-americanos de sobrevoarem zonas do Iraque, Irão, Golfo Pérsico e Golfo de Omã.
Os mercados acionistas asiáticos seguem a perder terreno, à semelhança das bolsas norte-americanas.
Em sentido contrário continua o petróleo, com o Brent do Mar do Norte a escalar 5,10% em Londres para 71,75 dólares por barril, e o West Texas Intermediate (WTI), transacionado no mercado nova-iorquino, a pular 4,40% para 65,46 dólares.
Por seu lado, o ouro segue a somar 2% para 1.605,75 dólares por onça – desde 2013 que não superava o patamar dos 1.600 dólares –, a beneficiar do seu estatuto de valor-refúgio.
O Irão já veio dizer, citado pelo The Spectator Index, que irá parar com os ataques se não houver retaliação por parte dos Estados Unidos.
BREAKING: Iran says it will stop attacking if there is no retaliation from the US
— The Spectator Index (@spectatorindex) January 8, 2020
Antes disso, Teerão tinha "disparado" em várias frentes, ameaçando atacar Israel, os Emirados Árabes Unidos e o Dubai em caso de retaliação norte-americana pelos mísseis lançados contra posições onde estão estacionadas tropas dos EUA.
Richard Engel, correspondente da NBC News, fez um apanhado de algumas das "ameaças" brandidas nas últimas horas por Teerão:
Iran making threats of mass escalation. To attack more bases in Iraq. To unleash Hezbollah. To unleash shiite militias in Iraq. To attack Israel and Dubai. Making it clear it is ready for a widespead campaign if this escalates further with a US response.
— Richard Engel (@RichardEngel) January 8, 2020
Donald Trump não fará esta noite qualquer declaração televisiva ao país sobre a questão iraniana, afirmaram responsáveis da Casa Branca à CNN.
The president won't be making a televised address to the nation on the Iran crisis tonight, WH officials including Press Secretary Stephanie Grisham tell CNN.
— Jim Acosta (@Acosta) January 8, 2020
Segundo o The Spectator Index, quatro dos 15 mísseis lançados contra posições norte-americanas no Iraque falharam o alvo.
"Até agora, tudo bem! Temos os militares mais poderosos e mais bem equipados do mundo, e de longe", referiu, adiantando que esta quarta-feira será emitida uma declaração.
All is well! Missiles launched from Iran at two military bases located in Iraq. Assessment of casualties & damages taking place now. So far, so good! We have the most powerful and well equipped military anywhere in the world, by far! I will be making a statement tomorrow morning.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 8, 2020
Um outro míssil atingiu a base aérea de Taji, próxima de Bagdad, e quatro falharam os alvos (presumivelmente na região de Erbil, junto ao aeroporto internacional e ao consulado norte-americano).
Mohammad Javad Zarif, ministro iraniano das Relações Externas, declarou que o Irão levou a cabo "medidas proporcionais de auto-defesa" após a ofensiva que matou Soleimani.
"Não procuramos uma escalada [de tensões] ou uma guerra, mas defender-nos-emos contra qualquer agressão", escreveu Zarif no Twitter.
Iran took & concluded proportionate measures in self-defense under Article 51 of UN Charter targeting base from which cowardly armed attack against our citizens & senior officials were launched.
— Javad Zarif (@JZarif) January 8, 2020
We do not seek escalation or war, but will defend ourselves against any aggression.
O senador republicano Lindsey Graham, próximo de Donald Trump, considerou "um ato de guerra" os disparos de mísseis contra duas bases iraquianas com militares dos EUA e admitiu ataques de represália às instalações petrolíferas iranianas.
As declarações deste senador eleito pelo Estado da Carolina do Sul foram feitas à televisão Fox News, citadas na corrente noticiosa criada por outra cadeia televisiva, a CNN, a propósito dos ataques iranianos.
"Isto é um ato de guerra por qualquer definição razoável", afirmou Graham, que adiantou que tinha acabado de falar ao telefone com Trump.
Sobre as possíveis respostas dos EUA, Graham fez a seguinte declaração: "Deixem-me dizer isto hoje: se estão a ver televisão no Irão, acabei de falar com o Presidente (Trump) e têm o vosso destino nas vossas mãos, em termos de viabilidade económica do regime".
De forma contundente, ameaçou: "Se (vocês, iranianos) continuarem com isto vão acordar um dia fora do negócio do petróleo".
Antes, dissera que Trump poderia escolher atacar alvos militares ou petrolíferos.
A bolsa nacional está a acompanhar a tendência de queda das praças europeias, numa sessão de fuga dos investidores dos ativos de maior risco, devido aos ataques do Irão a bases norte-americanas no Iraque. O PSI-20 desce 0,41% para 5.208,67 pontos, com 12 cotadas a descer, cinco a subir e uma sem variação.
Na abertura das praças europeias a tendência é igualmente negativa, embora as quedas estejam a ser contidas a abaixo de 1%. Os ativos de refúgio estão a beneficiar com o aumento da turbulência no Médio Oriente, com o ouro a disparar quase 1% para máximos de seis anos e os juros das obrigações em queda. O petróleo sobe mais de 1% em Londres, mas persiste abaixo dos 70 dólares por barril.
As quedas nas bolsas estão a ser mais contidas depois do Irão ter deixado claro que não pretende uma guerra com os Estados Unidos e Donald Trump ter reagido no twitter para afirmar que "até agora está tudo bem".
Nas praças asiáticas as quedas também não foram muito acentuadas, com o nipónico Nikkei a ceder 1,57%.
Ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, afirmou que os ataques do país às bases aéreas no Iraque foram uma "chapada na cara" dos Estados Unidos, que deverá abandonar a região.
"Uma ação militar como esta não é suficiente. O que importa é acabar com a presença corrupta da América na região", disse Khamenei num discurso transmitido na televisão iraniana, onde descartou a possibilidade de retomar as negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear do Irão.
Hassan Rouhani, presidente do Irão, falou depois dos ataques do país a duas bases aéreas dos Estados Unidos no Iraque, afirmando que os norte-americanos podem ter cortado o braço do general Qassem Soleimani, mas em resposta a vai perder a perna que tem na região.
Algumas companhias aéreas comerciais redirecionaram hoje os voos que cruzam o Médio Oriente para evitar eventuais perigos no meio da crescente tensão entre os Estados Unidos e o Irão.
A transportadora australiana Qantas disse que estava a alterar as suas rotas de Londres para Perth, na Austrália, para evitar o espaço aéreo do Irão e do Iraque até novo aviso.
A rota mais longa significa que a Qantas terá de transportar menos passageiros e usar mais combustível para permanecer no ar por mais 40 a 50 minutos.
As companhias aéreas Emirates e Flydubai, dos Emirados Árabes Unidos, cancelaram os seus voos para Bagdade nos seus sites na internet depois dos ataques com mísseis de Irão contra duas bases em território iraquiano que albergam militares norte-americanos.
Por sua vez, o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al Mazrouei, afirmou que não espera escassez de petróleo se houver agravamento da tensão no Médio Oriente. Em caso de conflito, a OPEP teria de reunir-se e tomar medidas, mas, assegurou o responsável, "os mercados estão bem abastecidos".
O Brent em Londres valoriza mais de 1% mas continua abaixo dos 70 dólares por barril.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, alertou hoje o Irão de que Israel responderá de "forma retumbante" caso o país seja atacado na sequência do lançamento, esta madrugada, de mísseis iranianos contra bases usadas pelos militares dos EUA no Iraque.
"Quem nos atacar receberá uma resposta retumbante", garantiu Netanyahu.
A presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que o uso de armas deve dar lugar ao diálogo no Médio Oriente e argumentou que "a União Europeia tem muito para oferecer", já que "a sua voz é ouvida na região".
À saída de uma reunião especial do colégio de comissários em Bruxelas para analisar os mais recentes desenvolvimentos da tensão entre Estados Unidos e Irão, que se tem materializado em incidentes violentos no Iraque, Ursula von der Leyen e o Alto Representante da UE para a Política Externa (e vice-presidente da Comissão), Josep Borrell, sublinharam, em declarações à imprensa sem direito a questões, a importância de tentar pôr cobro à escalada na violência, enfatizando o papel que a União Europeia pode desempenhar nesse sentido.
"A crise atual afeta profundamente não só a região, mas todos nós, e o uso de armas deve parar agora para dar espaço ao diálogo. Exortamos todas as partes para fazerem todos os possíveis para retomar as conversações. A UE, à sua própria maneira, tem muito para oferecer. Temos relações estabelecidas e comprovadas pelo tempo com muitos atores na região para ajudar a travar a escalada (…) A UE está muito empenhada nesta área, pelo que a sua voz é ouvida", declarou Von der Leyen.
O chefe da diplomacia europeia, por seu lado, sublinhou que "os recentes desenvolvimentos são extremamente preocupantes" e apontou que "os últimos ataques [da passada madrugada] contra bases no Iraque usados pelos Estados Unidos e por forças da coligação [contra o autodenominado Estado Islâmico], entre as quais forças europeias, é mais um exemplo da escalada e confrontação crescente."
"Não é do interesse de ninguém levar esta espiral de violência ainda mais longe", frisou.
Também a companhia aérea francesa Air France suspendeu hoje os voos que sobrevoam o espaço aéreo do Irão e do Iraque até "nova ordem". "Por precaução e devido ao anúncio de bombardeamentos aéreos, a Air France decidiu suspender os seus voos que sobrevoam o espaço aéreo dos dois países"", indicou o porta-voz da empresa. Já hoje algumas companhias aéreas comerciais redirecionaram os voos que cruzam o Médio Oriente para evitar eventuais perigos no meio da crescente tensão entre os Estados Unidos e o Irão.
A transportadora australiana Qantas disse que estava a alterar as suas rotas de Londres para Perth, na Austrália, para evitar o espaço aéreo do Irão e do Iraque até novo aviso. A TAP -- Air Portugal não tem qualquer voo que cruze espaço aéreo iraniano ou iraquiano, segundo disse à Lusa fonte da companhia aérea.
A Alemanha condena de forma "firme" a agressão do Irão que disparou mísseis contra bases em território iraquiano onde se encontram estacionadas forças norte-americanas, indicou hoje a ministra da Defesa do governo de Berlim.
"Agora é decisivo não deixarmos esta espiral crescer ainda mais", disse Annegret Kram-Karrenbauer à estação de televisão pública alemã ARD.
A ministra alemã sublinhou que "antes de mais é preciso que os iranianos não provoquem uma nova escalada".
Na terça-feira, o governo alemão decidiu transferir temporariamente parte das tropas que mantém no Iraque para bases na Jordânia e no Kuwait, por motivos de segurança.
As forças alemãs integram a coligação internacional, comandada pelos Estados Unidos, que se encontra no Iraque e que tem como missão combater o grupo radical Estado Islâmico.
De acordo com a revista Der Spiegel, 32 soldados alemães foram transferidos na terça-feira para a Jordânia.
A Alemanha participa na coligação internacional com 415 soldados.
"O contingente militar português no Iraque, 34 elementos, estão bem, estão todos fora de qualquer tipo de perigo estão na base de Besmayah, que fica a 200 quilómetros e 350 quilómetros das duas bases que foram atacadas, portanto estão muito longe do local onde ocorreram estes incidentes", declarou o ministro João Gomes Cravinho. O Pentágono confirmou hoje que "mais de uma dúzia de mísseis" iranianos foram disparados contra duas bases em Ain Assad e Arbil, no Iraque, utilizadas pelo exército norte-americano.
Questionado pelos jornalistas à margem de uma visita à Academia de Comunicações e Informação da NATO, no Reduto Gomes Freire, em Oeiras, Gomes Cravinho sublinhou que a base onde estão aquartelados os militares portugueses, enquadrados no contingente espanhol na coligação internacional contra o "daesh" é "uma base algo isolada".
"Fica a uns 40 quilómetros Bagdad numa região desértica e é um campo militar grande como se fosse uma espécie de campo de santa margarida [em Portugal], que não tem uma povoação próxima e tem medidas de proteção reforçadas", disse Gomes Cravinho.
Quanto a uma eventual retirada, o ministro reiterou que "é prematuro" falar em mandar regressar as tropas, afirmando que é preciso aguardar por mais desenvolvimentos em relação às posições das autoridades iraquianas. O ministro adiantou que está em "estreita cooperação" com os aliados e que a "esperança é que em breve haja condições para retomar" as atividades de formação às forças iraquianas.
O Iraque anunciou hoje ter sido informado pelo Irão do início dos ataques a bases iraquianas usadas por militares norte-americanos, pouco antes da confirmação norte-americana dos ataques por Teerão.
O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdelmahdi, disse hoje que recebeu uma mensagem oficial do Irão anunciando que iriam começar os ataques, numa resposta à morte do comandante Qasem Soleimani na passada sexta-feira.
"Na quarta-feira depois da meia-noite, recebemos uma mensagem verbal oficial da República islâmica do Irão indicando que a resposta ao assassinato do mártir Qassem Soleimani estava a começar ou começaria em breve e que os ataques seriam limitados às áreas onde os militares dos Estados Unidos estão presentes no Iraque, sem mais detalhes sobre as localizações", afirmou o gabinete de imprensa de Abdelmahdi.
O comunicado acrescenta que "quase ao mesmo tempo", os americanos confirmaram o início dos ataques, tendo telefonado "enquanto os mísseis caíam nas secções americanas das bases de Ain al-Assad e Erbil".
Fonte oficial iraquiana disse que até ao momento Bagdad ainda não foi oficialmente notificada de nenhuma morte e que está a fazer tudo para controlar a situação.
"As ações militares tomadas pelo Irão contra bases da coligação internacional [que luta contra o grupo extremista Estado Islâmico no Iraque], a que Portugal pertence, merecem a nossa condenação, mas apelamos também a todos os envolvidos para que usem da máxima contenção para evitarmos uma espiral de violência e uma escalada que nos afastará mais de uma solução pacífica, sustentada e duradoura para a estabilidade no Médio Oriente", disse Augusto Santos Silva.
O chefe diplomacia portuguesa falava hoje, em Lisboa, à margem de um seminário sobre cooperação, cultura e língua, promovido pelo instituto Camões. Questionado pelos jornalistas sobre se, face aos mais recentes acontecimentos, Portugal vai reforçar a segurança da embaixada portuguesa em Teerão, no Irão, Santos Silva evocou os protocolos de segurança existentes.
"Temos os protocolos de segurança requeridos pela presença de cidadãos portugueses nos países ou regiões onde haja situações de emergência ou críticas, que ativamos sempre que necessário, e temos protocolos de segurança para as embaixadas, consulados ou pessoal diplomático, que pela sua natureza não são públicos, nem podem ser divulgados publicamente", disse.
Depois de um início de sessão com quedas mais robustas, os principais mercados europeus suavizaram as quedas.
O Stoxx 600, o índice que agrupa as 600 maiores cotadas da região, já reverteu e segue agora a negociar em leve alta, a subir 0,04% para os 417,82 pontos.
Esta recuperação deve-se aos comentários dos representantes quer do Irão, quer dos Estados Unidos, que tentaram pôr alguma água na fervura.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão disse que não iria querer alimentar esta guerra, enquanto que o líder da Casa Branca, Donald Trump, escreveu no seu Twitter que "estava tudo bem".
Em destaque pela positiva continua o ouro, que sobe 0,23% para os 1.577,85 dólares por onça e também o petróleo. O preço do Brent, negociado em Londres e que serve de referência para Portugal, valoriza 0,38% para os 68,53 dólares por barril, perto de um máximo de quatro meses.
"Os mercados estabilizaram depois de alguma volatilidade inicial, devido à ausência de vítimas entre os norte-americanos e o tom moderado das reações ao ataque", disse à Reuters Lukman Otunuga, analista da FXTM. "Há muita incerteza, o que deixa os mercados em modo de espera até que se obtenha uma maior visibilidade sobre os efeitos do conflito entre os EUA e o Irão".
Teerão tornou claro que não vai voltar a atacar se os EUA decidirem não responder, diz a CMC Markets. "Os traders estão claramente preocupados com o estado da política da região, mas se realmente estivéssemos com receio de um conflito total, os mercados deviam estar a cair", diz David Madden, da CMC. "A bola está agora do lado do Presidente dos EUA, Donald Trump."
Até agora Donald Trump reagiu apenas através das redes sociais. Num tweet, o presidente norte-americano escreveu que "está tudo bem" e que estão a ser analisadas as baixas e danos materiais decorrentes dos ataques a duas bases norte-americanas no Iraque.
"Até agora, tudo bem! Temos os militares mais poderosos e mais bem equipados do mundo, e de longe", referiu.
Apesar do ataque perpetrado pelo Irão contra as forças norte-americanas no Iraque, na noite de terça-feira, as bolsas dos Estados Unidos abriram hoje em alta ligeira, com o mercado a antecipar que Donald Trump não irá retaliar, evitando uma escalada das tensões no Médio Oriente.
O tecnológico Nasdaq ganha 0,15% para 9.081,97 pontos enquanto o S&P500 valoriza 0,17% para 3.242,94 pontos.
Os ataques do Irão a duas bases aéreas dos Estados Unidos no Iraque não causaram vítimas entre os norte-americanos. Do lado dos EUA, de acordo com a Bloomberg, há a convicção de que este falhanço foi deliberado. Teerão apontou os mísseis para zonas junto às bases aéreas onde não estavam soldados norte-americanos.
O facto de o ataque do Irão não ter causado vítimas poderá ser fundamental para não gerar uma retaliação por parte dos Estados Unidos.
O presidente dos Estados Unidos reagiu esta quarta-feira, 8 de janeiro, aos ataques de mísseis do Irão a bases norte-americanas em território iraquiano. Donald Trump disse que o Irão "parece estar a recuar", assinalando que o país "nunca terá uma arma nuclear".
O chefe da Casa Branca anunciou que os EUA irão introduzir "sanções poderosas" contra o Irão e que hoje irá pedir à NATO para se envolver mais neste assunto, pedindo a países como o Reino Unido, a China e a Alemanha para "entenderem a realidade" tal como Trump a descreve.
Até agora Donald Trump tinha reagido apenas através das redes sociais. Num tweet, o presidente norte-americano escreveu que "está tudo bem" e que estão a ser analisadas as baixas e danos materiais decorrentes dos ataques a duas bases norte-americanas no Iraque.
Depois do discurso de Trump, os mercados mostraram-se otimistas. Em Wall Street, o índice generalista de referência, o S&P500, tocou um novo máximo histórico nos 3.260,74 pontos. Na Europa, o sentimento misto deu lugar a um maior consenso no verde, com as principais praças a valorizarem, embora com ganhos pouco expressivos.
Os investidores sentiram alívio após a iniciativa de Trump de impor sanções económicas ao invés de escalar as ações militares. Com o cenário de conflito armado mais afastado, as cotações de petróleo acabaram por sofrer um revés. A queda na pressão da oferta ditou perdas de mais de 3% para o barril londrino, o Brent, depois de ter chegado a subir 5% durante a sessão.
O mesmo destino teve o ouro, que, após sete sessões consecutivas a subir, quebrou o ciclo, com a "fuga" dos investidores rumo aos mercados acionistas. Esta debandada também se fez sentir nos juros das obrigações soberanas, com a taxa da dívida a dez anos alemã, referência para a Europa, a agravar mais de 7 pontos base, e a dos Estados Unidos a avançar mais de 3 pontos base. No campeonato das divisas, o dólar é o vencedor, ganhando contra a generalidade das restantes moedas.
Vários democratas norte-americanos rejeitaram esta quarta-feira a ideia de que os mais recentes desenvolvimentos na crise com o Irão contribuem para validar a estratégia do Presidente Donald Trump.
"Se se acelera um conflito e a seguir se reduz essa escalada, não creio necessariamente que seja uma boa estratégia – é arriscada", comentou o senador Bob Menendez, um dos representantes dos democratas no comité de relações externas, citado pela CNN.
Também o senador Chris Murphy, do Connecticut, considera que a estratégia de Trump "não foi decididamente" validada.
E justifica: "Estamos basicamente pior hoje do que há um mês. O Irão retomou plenamente o seu programa de armas nucleares. As nossas tropas estão à beira de serem expulsas do Iraque. Virámos o povo iraniano, o povo iraquiano e o povo libanês contra nós. As nossas missões de combate ao ISIS foram suspensas. Isto tem sido um desastre. Sinto-me satisfeito pela via de redução de tensões, mas a carnificina dos últimos dias talvez seja irreparável".
All in all, just a massive national security fumble.
— Chris Murphy (@ChrisMurphyCT) January 8, 2020
Iraq turns against us, kicking out our troops.
Iran restarts their nuclear weapons program.
Operations against ISIS stop.
And for what? To get Iran to stop shooting at us - which they weren't doing when Obama left office.
Assim que lançou a ofensiva, o Irão recorreu a vários canais para comunicar aos EUA que a sua resposta tinha sido proporcional ao ataque norte-americano que culminou na morte do general Soleimani.
"Estamos quites" – basicamente, foi esta a mensagem reiteradamente enviada a Washington, comentaram à CNN alguns responsáveis governamentais dos Estados Unidos.
A porta-voz dos democratas norte-americanos na Câmara dos Representantes (House – câmara baixa do Congresso), Nancy Pelosi, declarou que amanhã será analisada uma resolução sobre os poderes de guerra de Trump no Irão.
"Hoje, para honrar o dever de manter o povo norte-americano em segurança, a Câmara dos Representantes vai avançar com uma Resolução sobre Poderes de Guerra para limitar as ações militares do Presidente no que diz respeito ao Irão. Esta resolução, que será liderada pela congressista Elissa Slotkin, seguirá para o Comité das Regras esta noite e será levado amanhã até ao plenário", disse Pelosi.
A Sábado avança que a imprensa internacional revelou terem sido ouvidas duas explosões em Bagdad, na noite desta quarta-feira, que terão ocorrido na chamada zona verde da cidade (onde se encontram as embaixadas).
Além disso, foram accionadas as sirenes de aviso, ao que tudo indica, pela embaixada norte-americana na capital do Iraque (na foto).
Um jornalista relatou no Twitter ter ouvido as explosões e num outro tweet foi publicado um vídeo supostamente gravado durante este episódio. À Reuters, outras testemunhas confirmaram estas explosões, cuja causa é ainda desconhecida.
A CNN diz terem sido lançados dois rockets Katyusha. O comando militar conjunto do Iraque declarou àquele canal norte-americano que não há relatos de "baixas".
Recorde-se que após os ataques com mísseis balísticos iranianos contra posições militares dos EUA no Iraque, Donald Trump declarou que tudo está bem. Já Teerão disse reiteradamente que só agiu "de forma proporcional" ao ataque que vitimou o general Soleimani e que agora estão quites.
As bolsas gostaram e em Wall Street o D&P 500 e o Nasdaq Composite marcaram mesmo novos máximos históricos.
Resta ver o que se segue nos próximos dias. As relações entre os EUA e o Irão continuarão a centrar as atenções de todos e a ditar a evolução nos mercados - e o Negócios continuará a acompanhar em permanência todos os desenvolvimentos nesta frente.