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Hong Kong: Polícia detém 247 pessoas para acabar com manifestação pró-democracia que promete continuar a luta
A polícia de Hong Kong pôs fim à ocupação na zona de Admiralty por manifestantes pró-democracia, numa operação que resultou a detenção de 247 pessoas, incluindo políticos e estudantes.
De acordo com o jornal South China Morning Post, os líderes estudantis prometem continuar, de outras formas, a luta pela democracia, depois de 75 dias de ocupação das ruas.
Hoje, a circulação na cidade voltou ao normal, com um fluxo ininterrupto de veículos em Admiralty, umas das zonas mais movimentadas de Hong Kong e que, nos últimos dois meses, os estudantes conseguiram bloquear.
A operação de retirada de barricadas e tendas, numa zona onde fica a sede do Governo, decorreu sem violência.
"Não diria que o movimento acabou em vitória, mas também não acho que falhámos", disse Alex Chow, presidente da Federação dos Estudantes, uma das principais associações promotoras do protesto, momentos antes de ser detido.
O movimento tem como objectivo mostrar o descontentamento popular perante a decisão de Pequim em autorizar, em 2017, a eleição directa do chefe do Governo, mas num acto eleitoral onde os candidatos serão previamente aprovados pelo comité eleitoral.
Para os manifestantes, o método aprovado não constitui o objectivo que pretendem, ou seja, escolher livremente e sem restrições, o líder do Executivo local.
A imprensa oficial chinesa declara esta sexta-feira que o movimento pró-democracia de Hong Kong foi derrotado e alerta para "forças hostis" domésticas e estrangeiras que querem destabilizar a cidade.
"A derrota da 'revolução dos guarda-chuvas' enviou uma mensagem clara às forças hostis, tanto locais como estrangeiras", escreve o jornal China Daily no seu editorial, citado pela Lusa.
"Em matérias de princípio, o Governo Central nunca fará concessões. E numa sociedade civil livre e próspera como a de Hong Kong não há espaço para pessoas que queiram avançar com a sua agenda de esquemas políticos", pode ler-se.
O editorial, intitulado "Revolução dos guarda-chuvas derrotada", foi publicado um dia depois de a polícia do território ter desimpedido as ruas, ocupadas por tendas e barricadas durante mais de dois meses.
"Agora, as pessoas de Hong Kong sabem que 'elevado grau de autonomia' não quer dizer autonomia total", escreve o jornal.
Já o Global Times, próximo do Partido Comunista, lançou um alerta, no seu editorial, para os perigos da "política de rua".
"A política de rua pode facilmente devastar a sociedade, tornando-se viciante para alguns membros do público", diz o jornal.
"Opomo-nos firmemente à ideia de que a sociedade pode ser reformulada através de violência nas ruas. Este é um princípio político chave", aponta.