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Venezuela: Afluência fraca numa eleição com contestação certa
A oposição já levanta barricadas em algumas avenidas de Caracas em protesto contra o resultado da eleição dos 545 membros da Constituinte. Confrontos provocaram entre cinco a sete mortos, segundo os oposicionistas. Governo reconhece apenas uma vítima.
As primeiras horas de ida às urnas estão a ser marcadas, na Venezuela, por uma fraca afluência generalizada às urnas, dão conta os meios de comunicação social internacionais presentes no país. Entretanto, os oposicionistas ao regime liderado por Nicolas Maduro estão a definir formas de protesto contra a eleição da Assembleia Constituinte, conta o El País.
As urnas para as eleições abriram às 06:00 locais deste domingo (11:00 em Portugal Continental), tendo o presidente Nicolás Maduro sido um dos primeiros a colocar o voto na urna, refere a Lusa, e dando assim o tiro de partida para que mais de 19,8 milhões de venezuelanos votem nestas eleições. "Vai começar uma nova era de combate. Estamos todos com esta Assembleia Constitucional," afirmou o chefe de Estado.
Contudo, segundo a Reuters, as ruas da capital estão desertas e há apenas uma minoria de venezuelanos a responder ao apelo, enquanto as sondagens mostram que 70% dos venezuelanos estão contra o processo.
Segundo a Lusa, a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) dava conta, a poucas horas do fecho das urnas, que só 7% do eleitores tinha votado nas eleições.
Os trabalhadores do Estado – 2,8 milhões – estão a ser ameaçados de demissão se não votarem e os jornalistas têm de se manter afastados 500 metros em relação às assembleias de voto.
Ainda assim, o El País reporta a existência de barricadas que começam a ser levantadas nas avenidas da capita, e a ocorrência de confrontos em Caurimare-Los Ruices, no leste da capital, com o lançamento de gás lacrimogéneo e explosões que causaram ferimentos em polícias.
A ida a votos ocorre ao fim de várias horas de tensão que terão ficado marcadas pela existência de novas vítimas mortais em confronto – nos últimos meses terão sido 115 os mortos. As autoridades confirmaram a existência de duas mortes no sábado, enquanto a oposição fala de entre cinco e sete vítimas.
Maduro convocou a Assembleia Constituinte a 1 de Maio para alterar a Constituição em vigor, nomeadamente nos que diz respeito a garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos, refere a Lusa. A oposição está a boicotar aquilo que chama de eleição viciada e têm-se manifestado, envolvendo-se em confrontos com os apoiantes do regime.
Os críticos do processo não aceitaram participar na eleição e alegam que esta permitirá a Maduro dissolver o congresso onde a oposição tem maioria e adiar a ocorrência de novas eleições, além de alterar a legislação eleitoral impedindo a saída dos socialistas do poder. Em cerca de 50 assembleias não estará a ser possível votar devido à destruição de equipamentos, refere a Reuters.
O processo decorre ainda sob as ameaças da aplicação pela administração norte-americana de novas sanções ao regime depois das eleições, num país marcado por uma crise alimentar devido à inflação descontrolada e à queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais.
As eleições estão a ser seguidas de perto por dezenas de milhares de militares destacados para garantir que o processo ocorre. As urnas deverão encerrar às 18:00 locais (23:00 em Portugal Continental), caso não haja na altura mais eleitores para votar.
Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foram admitidas 6.120 candidaturas que disputam 545 cargos a eleger, 8 deles em representação indígena, refere a Lusa. A assembleia deve ser instituída 72 horas após o apuramento dos resultados.
(Notícia actualizada às 23:08 com mais informação)