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Guterres: Medidas "cegas" de Trump podem ser "ineficazes" contra terrorismo

Para o secretário-geral das Nações Unidas, as medidas adoptadas para controlar as fronteiras e impedir a entrada de membros de organizações terroristas "não podem ter como base qualquer forma de discriminação em função da religião, origem étnica ou nacionalidade".

21º António Guterres, 267 notícias - Foi um dos grandes destaques deste final de ano, ao conseguir ser eleito para o cargo de secretário-geral da ONU
Miguel Baltazar / Negócios
31 de Janeiro de 2017 às 19:23
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O secretário-geral da ONU criticou esta terça-feira, 31 de Janeiro, duramente a ordem executiva de Donald Trump que impede a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos nos Estados Unidos, afirmando que tais medidas "cegas" arriscam ser "ineficazes" na luta antiterrorista.

Os países "têm o direito, mesmo a obrigação, de controlar as suas fronteiras para impedir a entrada de membros de organizações terroristas", referiu o português António Guterres, citado num comunicado.

Mas, segundo frisou o secretário-geral das Nações Unidas, as medidas adoptadas para tal fim "não podem ter como base qualquer forma de discriminação em função da religião, origem étnica ou nacionalidade".

Tal discriminação "desencadeia uma ansiedade e uma raiva generalizadas que podem facilitar a propaganda das organizações terroristas que todos queremos combater", prosseguiu Guterres.

"Medidas cegas, não fundamentadas numa inteligência sólida, tendem a ser ineficazes pois correm o risco de serem ultrapassadas pelos actuais sofisticados movimentos terroristas globais", reforçou o representante.

Na sexta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que suspende a chegada ao país de todos os refugiados por um período mínimo de 120 dias - para os refugiados sírios o prazo é indeterminado -- e que impede a entrada nos Estados Unidos durante três meses aos cidadãos de sete países de maioria muçulmana: Iraque, Irão, Iémen, Líbia, Somália, Sudão e Síria.

A ordem executiva surgiu no âmbito de um pacote de medidas para proteger o país de "terroristas islâmicos radicais".

A decisão de Trump desencadeou protestos com milhares de participantes e o caos em vários aeroportos americanos.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o jordano Zeid bin Ra'ad Zeid al-Hussein, declarou que a medida de Trump era ilegal, classificando-a como "mesquinha".

Na segunda-feira, em Adis Abeba (Etiópia), onde participou na abertura da cimeira da União Africana (UA), António Guterres recordou que os Estados Unidos têm "uma grande tradição" de protecção de refugiados e disse esperar "firmemente" que esta volte a ser uma das prioridades do governo de Donald Trump.

"A proteção dos refugiados deve ser garantida. O acesso dos refugiados a um lugar onde estejam seguros é extremamente importante", disse então o secretário-geral da ONU.

"Os Estados Unidos têm uma grande tradição na protecção de refugiados, espero que esta medida seja apenas temporária", acrescentou na mesma ocasião.
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