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Comey diz que Trump o despediu por causa da Rússia, mas não o acusa de obstrução à Justiça

O antigo director do FBI não poupou nas palavras e acusou o Presidente dos Estados Unidos de ter mentido e difamado o FBI. E qual acha que foi o motivo do seu despedimento? A investigação sobre ligações à Rússia. Contudo, não quis dizer se é um caso de obstrução à Justiça.

08 de Junho de 2017 às 18:50
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Durante a sua muito aguardada audição no Senado norte-americano, James Comey disse ter ficado muito perturbado com as conversas que teve com Donald Trump e que este o pressionou para desistir de investigar o conselheiro para a segurança nacional, Michael Flynn. Comey acabaria por ser despedido algum tempo depois. Houve obstrução à Justiça?

 

"Não acho que seja eu que deva dizer se as conversas que tive com o Presidente foram tentativas de obstrução. Eu interpretei-as como algo muito perturbador, muito preocupante", afirmou sob juramento o ex-director do FBI.

 

Os senadores republicanos procuraram explorar esta nuance, perguntando directamente se Donald Trump lhe pediu directamente para abandonar a investigação a Flynn. Comey admitiu que não houve uma ordem expressa do Presidente, mas deu a entender que foi assim que a entendeu. "Eu interpretei-o como uma indicação. Se é o Presidente dos EUA, sozinho comigo, a dizer 'eu espero que…' eu interpretei-o como "é isto que ele quer que eu faça". Eu não obedeci, mas foi assim que eu o li."

 

Um dos momentos mais importantes da audição foi quando Comey disse muito claramente qual acha ter sido o motivo para ter sido afastado do cargo. "Eu uso as palavras do Presidente. Sei que fui despedido devido a algo na forma como eu estava a conduzir a investigação sobre a Rússia estar a colocar pressão sobre ele [Trump], estar a irritá-lo e ele decidiu despedir-me por causa disso."

A linha de defesa dos republicanos passou também por tentar sublinhar que Trump não estava a ser investigado, apenas algumas das pessoas à sua volta, algo que Comey confirmou.

 

Onde o antigo responsável do FBI não pareceu ter dúvidas foi na classificação de algumas afirmações de Trump como "mentiras", assumindo que começou a guardar notas das conversas e reuniões com o milionário com medo que ele mentisse sobre aquilo que foi falado. "Eu fiquei verdadeiramente preocupado com a possibilidade de ele poder mentir sobre a natureza do nosso encontro", sublinhou.

 

E sobre a possibilidade de haver gravações dessas conversas feitas por Trump (que o próprio Presidente deu a entender que existem)? "Divulguem todas as gravações. Não tenho problemas com isso", disse Comey.

 

O antigo director do FBI foi também bastante ácido sobre as críticas feitas por Trump nos meses a seguir à sua demissão, altura em que o milionário diz que o FBI já não tinha confiança no seu líder. "Era pura e simplesmente mentira."

 

Entretanto, a Administração já reagiu, dizendo que "o Presidente não é um mentiroso". Sobre uma possível interferência russa nas eleições dos EUA, a porta-voz da Casa Branca sublinhou que o "Presidente leva as eleições muito a sério" e que tentará proteger o processo de influências externas.

 

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