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Brasil: Governo de coligação de Dilma pode acabar hoje

O ministro do Turismo já pediu demissão e outros seis membros do PMDB, partido aliado do PT no governo de Dilma, poderão fazê-lo ao longo desta terça-feira. Fim da coligação pode apressar a queda da presidente, que enfrenta dois processos que podem forçar a sua destituição. Líderes da Câmara e do Senado também ficam mais frágeis.

Reuters
29 de Março de 2016 às 12:10
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O ministro brasileiro do Turismo entregou a sua demissão à presidente Dilma Rousseff, alegando a inexistência de condições para manter o diálogo no seio da coligação de governo. A iniciativa de Henrique Eduardo Alves, tornada pública ao final da tarde de segunda-feira, poderá ser replicada ao longo do dia de hoje, 29 de Março, pelos outros seis ministros membros do PMDB, partido aliado do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo.

A confirmar-se, a deserção dos ministros do partido do vice-presidente do país Michel Temer significará o fim da coligação governamental, agravará as condições já muito degradadas de governabilidade do país e pode apressar a queda da presidente Dilma, que enfrenta dois processos paralelos (no Congresso e no Tribunal Eleitoral) que podem forçar a sua destituição. Este provável desfecho, fragiliza, por seu turno, os líderes da Câmara dos Deputados (Eduardo Cunha) e do Senado (Renan Calheiros), ambos membros do PMDB, ambos também envolvidos na operação Lava Jato.

Segundo escreve O Globo, "o PMDB romperá com o governo nesta terça", devendo os respectivos ministros entregar os cargos durante a convenção do partido que está marcada para esta tarde. O PMDB ocupava até agora sete pastas no governo, designadamente Turismo, Energia e Saúde. O jornal refere que "a tendência é que a decisão de desembarque do partido do governo Dilma ocorra por aclamação". A saída de funções dos ministros não será imediata, devendo ser proposto que esta ocorra até 12 de Abril.

A tentar travar este cenário está ainda o ex-presidente Lula da Silva que, acompanhado do presidente do PT, Rui Falcão, afirmou ontem ter a expectativa de demover alguns ministros do PMDB, convencendo-os a permanecer no governo. "Vou para Brasília conversar com muita gente do PMDB". Lula, que continua impedido de assumir o cargo de chefe da Casa Civil (equiparável ao de primeiro-ministro) por uma providência cautelar validada por juízes do Supremo Tribunal Federal, destacou que o PMDB tem autonomia regional e é possível "haver uma espécie de coligação" sem a concordância da cúpula dirigente do partido.

O fim da coligação pode apressar a queda da presidente, na medida em que poderá significar liberdade de voto aos deputados e senadores do PMDB na votação do processo de destituição ("impeachment") que está em curso no Congresso. Se o processo avançar na Câmara, Dilma será temporariamente suspensa e substituída no cargo pelo vice-presidente Michel Temer. Ao Senado caberá depois decidir se a presidente deve ser afastada permanentemente.

Temer, que deveria estar hoje em Lisboa para participar num seminário luso-brasileiro, tem-se manifestado capaz de assumir as rédeas do país, possivelmente em aliança com o PSDB (hoje na oposição), e, segundo a imprensa, a sua equipa está já a delinear um plano para as primeiras semanas como líder do Governo brasileiro.



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