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Moçambique anuncia OE rectificativo com revisão de crescimento e cortes na despesa
O Governo moçambicano anunciou um Orçamento do Estado rectificativo para 2016, que baixa o crescimento económico de 7% para 4,5%, bem como as previsões de receita e despesa, e impõe medidas de austeridade, sobretudo nos gastos de funcionamento.
"O impacto de toda política de austeridade vai dar 24 mil milhões de meticais (339 milhões de euros) ", disse esta quinta-feira o ministro da Economia e Finanças moçambicano, Adriano Maleiane, em conferência de imprensa, após uma sessão extraordinária do Conselho de Ministro realizada em Maputo.
Segundo o governante, a redução das despesas de funcionamento em questões relacionadas com bens e serviços será de 40%. Maleiane referiu que o valor da despesa global vai passar de 246 mil milhões de meticais (mais de 3,4 mil milhões de euros) para 242 mil milhões de meticais (3,3 mil milhões de euros).
A área de investimentos, prosseguiu, foi a que sofreu mais cortes e os sectores da educação e saúde não terão qualquer restrição essencial.
O orçamento rectificativo revê em baixa o crescimento económico em 2016 para 4,5%, uma alteração justificada com a desaceleração da economia e com o aumento do serviço da dívida pública, resultante do impacto da desvalorização do metical.
Adriano Maleiane anunciou um agravamento do défice fiscal de 10,2% para 11,3% do Produto Interno Bruto (PIB), como consequência da redução da arrecadação das receitas de 25,9% para 24,1% do PIB, passando de 176 mil milhões de meticais (2,4 mil milhões de euros) para 165 mil milhões de meticais (2,3 mil milhões de euros).
Além das medidas de contenção, assinalou, o Governo está a valorizar a adopção de medidas para dinamizar a economia para atingir a meta de um crescimento de 5,2% em 2017. "Estamos a acompanhar o funcionamento dos mercados interno e externos", afirmou o governante, acrescentando que a criação de um bom ambiente de negócios é igualmente uma prioridade para o executivo.
"Queremos também ver como cobramos os impostos", declarou Adriano Maleiane, para quem a política fiscal é "a solução para o funcionamento do Estado".
Em relação às dívidas não declaradas de empresas de capitais estatais e avalizadas pelo Governo, que foram conhecidas em Abril totalizando 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros), o ministro moçambicano disse que o encargo não está contabilizado no Orçamento do Estado rectificativo.
"Neste exercício que estamos a fazer não há nenhum serviço que tenha a ver com a Mozambique Asset Management (MAM) e a Proindic", afirmou, lembrando que, relativamente à MAM, a empresa de capitais estatais está ainda a negociar os seus encargos, depois de ter falhado uma primeira prestação em maio.
Em Dezembro, quando a OE foi aprovado pela Assembleia da República, o Governo moçambicano reviu em baixa o crescimento económico de 7,8% para 7% e uma inflação média anual de 5,6% e um défice 10,2%.
Na altura, o ministro da Economia e Finanças justificou a revisão das perspectivas do crescimento do PIB com a contínua queda do preço das matérias-primas no mercado internacional e a depreciação da moeda nacional, metical, devido ao fortalecimento do dólar.