Jacob Zuma cumpriu a ameaça e demitiu o seu ministro das Finanças Pravin Gordhan, abrindo uma crise no país que de acordo com a Bloomberg ameaça a sua própria presidência e o "rating" do dívida.

O ministro das Finanças tinha agendado encontros com investidores no Reino Unido e nos EUA nas vésperas de o país ir ao exame da Moody's, mas logo no primeiro dia do "roadshow" foi mandado regressar a casa pelo presidente.

Apesar das fortes reacções negativas nos mercados e dentro do partido ANC, Zuma confirmou na última noite a demissão do ministro das Finanças, uma decisão que os analistas classificam de arriscada.

"Zuma tem estado a jogar à roleta russa com o efeito das suas acções no ‘rating’" da dívida pública do país, que está perto de cair para o nível de lixo, afirmou à Bloomberg Colin Coleman, economista e director da unidade do Goldman Sachs na África sub-sariana.

Os analistas atribuem a Gordhan o facto de o rating da maior economia africana não estar já no "lixo". A guerra entre Zuma e Gordhan já é antiga. O ex-titular da pasta das finanças queria manter uma estratégia de contenção na despesa para garantir que o "rating" do país não seja cortado para lixo e bloqueou decisões de investimento em infra-estruturas como centrais nucleares. Já Zuma quer uma transformação económica para diminuir as desigualdades.

Gordhan foi substituído por Malusi Gigaba, até aqui ministro com a pasta dos Assuntos Internos e que não tem experiência em Finanças. A Bloomberg adianta três dos políticos de topo do ANC estão contra o presidente, o que abre o risco de uma crise no partido que obteve recentemente os piores resultados desde o fim do apartheid, em 1994.

A S&P e a Fitch classificam a dívida sul-africana no nível mais baixo do grau de investimento. A Moody’s atribuiu uma notação um degrau acima, mas tem previsto actualizar a análise a 7 de Abril e o "outlook" está negativo. As agências de "rating" têm alertado que uma crise política ou uma derrapagem nas contas públicas teria impacto na notação financeira. "Seria surpreendente se nos próximo seis meses" a África do Sul não sofrer um corte no rating, refere Colin Coleman, do Goldman.