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Sonangol assume dívida de 4,9 mil milhões e deixa críticas a Isabel dos Santos

Carlos Saturnino, líder da Sonangol, deixou críticas à sua antecessora, Isabel dos Santos, durante a apresentação dos resultados de 2017. Falou nos custos com consultoria e em manifestações.

Simon Dawson/Bloomberg
28 de Fevereiro de 2018 às 13:14
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A dívida actual da Sonangol ascende a 4,9 mil milhões de dólares (4 mil milhões de euros), revelou o presidente do conselho de administração da petrolífera angolana, Carlos Saturnino, numa conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, 28 de Fevereiro.

O actual líder da Sonangol, que substituiu Isabel dos Santos no cargo em Novembro de 2017, adiantou que o Estado disponibilizou 10 mil milhões de dólares (8,1 mil milhões de euros) para equilibrar a situação financeira da empresa, sendo que metade desta verba foi destinada ao pagamento antecipado de dívida e a outra parte canalizada para investimento.

Carlos Saturnino aproveitou o encontro com os jornalistas para, sem nunca a nomear, fazer críticas a Isabel dos Santos. O actual líder afirmou, segundo o Novo Jornal, que quando chegou à empresa foi recebido "por uma manifestação de trabalhadores que não recebiam salários".

Mais à frente, o presidente da Sonangol adiantou que durante a vigência da sua antecessora, entre Novembro de 2016 e o mesmo mês de 2017, a petrolífera gastou 135 milhões de dólares (110 milhões de euros) em serviços de consultoria, e lembrou que herdou uma situação com "um número elevado de conflitos judiciais e arbitrais".

Quando foi exonerada, em Novembro do ano passado, Isabel dos Santos emitiu um comunicado onde garantia que tinha deixado "à nova administração, como instrumento essencial para a sua gestão, um financiamento no valor de dois mil milhões de dólares, com assinatura prevista para os próximos dias, que garantirá o pagamento de todos os ‘cash calls’ relativos a 2017, permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros".

E adiantava: "a administração cessante garante ao Executivo as condições financeiras necessárias para a manutenção patrimonial da Sonangol, abrindo garantias de continuidade e de crescimento para o futuro".

As avaliações negativas da Carlos Saturnino à gestão de Isabel dos Santos foram mais longe. "Tomamos posse no dia 16 de Novembro de 2017 e nesse dia, à noite, apercebemo-nos que o administrador que cuidava das finanças na Sonangol, embora tivesse sido exonerado no dia 15, ordenou uma transferência no valor de 38 milhões de dólares para a Matter Business Solution, com sede no Dubai", afirmou o líder da Sonangol, citado pela agência Lusa.

Carlos Saturnino explicou ainda, de acordo com a agência noticiosa portuguesa, que aquela transferência foi efectuada através do banco BIC, "que passou a ser um dos bancos preferenciais a nível da Sonangol".

"Acho que isso dispensa comentários. Não foi o único caso. No dia 17 de Novembro, houve o pagamento de mais quatro fcaturas também. Ou seja, como é que pessoas que tinham sido exoneradas pelo Governo ainda faziam transferências. Não pode ser um acto de boa-fé de certeza absoluta", sublinhou.


Além das críticas veladas a Isabel dos Santos, Carlos Saturnino também enviou recados para dentro, frisando que a Sonangol precisa de controlar os custos de forma efectiva e deixou também um recado para o interior da empresa. "Há colegas que não são nada meigos na hora de gastar", desabafou.

Quando à questão dos conflitos, Carlos Saturnino enfatizou pela positiva a resolução do diferendo que opunha a Sonangol à Cobalt, sendo que a petrolífera norte-americana exigia uma indemnização de dois mil milhões de dólares, por força da anulação de um contrato de 1,75 mil milhões de dólares.

Segundo Carlos Saturnino, citado pelo Novo Jornal, as duas partes chegaram a um entendimento, tendo a Sonangol compensar a Cobalt com500 milhões de dólares, dos quais 150 milhões já foram pagos.


(Notícia actualizada às 15.54 com informação relativa à Matter Business Solution)

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