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Isabel dos Santos: “Há uma campanha política forte contra o Governo anterior”
Isabel dos Santos considera que os ataques à sua gestão da Sonangol visam, em última instância, demonstrar que “as decisões tomadas pelo Executivo anterior”, liderado pelo seu pai, José Eduardo dos Santos, “foram erradas”.
A actual administração da Sonangol lança-lhe uma outra suspeita, a de não ter recebido dividendos no valor de 438 milhões de euros da Galp. Quer explicar a situação?
Uma vez mais é uma tentativa da actual administração da Sonangol em passar uma informação falsa e tentar denegrir o meu bom nome. Como sabe, não faço parte do Conselho de Administração, nem da Galp, nem da Esperaza [holding que detém uma participação na Amorim Energia], nem das empresas envolvidas e tive de obter estas informações por terceiros uma vez que vi o meu nome envolvido. E como tal, recebi uma cópia do pagamento de dividendos que foi feito à Sonangol e que posso mostrar, bem como a cópia dos impostos pagos às autoridades holandesas relativamente a esse dividendo.
Então porque surge esta informação?
É falsa e só tem uma única finalidade, que é denegrir a minha imagem. É uma campanha de difamação que já está montada há algum tempo.
Que já atribui à oposição política. E no MPLA também existem pessoas que integram essa campanha?
Muitas destas campanhas são anónimas. São artigos que aparecem nos jornais, alguns em Portugal, e eu não sei quem são as fontes, porque infelizmente os jornalistas também não as citam. Portanto, sem saber as fontes, não posso dizer se eventualmente são do MPLA ou de um outro partido. Mas gostaria de pensar que são de partidos da oposição.
Dado que existe um conflito entre a administração da Sonangol e você, esta participação comum na Galp é para continuar?
A administração anterior havia tomado a decisão, que era fora deste contexto, de fazer uma alteração societária por forma a optimizar a estrutura financeira. Há aqui uma questão de impostos que ainda é relevante e a estrutura da Sonangol que detém o seu investimento na Galp não optimiza o pagamento dos impostos. Na reestruturação que estava prevista, a Sonangol propôs à Exem dissolver a Esperaza, passando ambos os sócios a ter uma participação directa na Amorim Energia, mas sem que isso afectasse os direitos societários da Sonangol ou da Exem. Isto foi um dos mecanismos encontrados para minimizar o impacto fiscal que a participação da Galp tem na Sonangol.
De que forma é que o facto de o seu nome surgir constantemente ligado a notícias menos positivas se está a reflectir nos seus negócios?
Reflecte-se, sem dúvida, de uma forma negativa. O propósito da campanha é exactamente esse, o de atingir a minha reputação. Sou empresária, tenho vários investimentos e a minha reputação é o meu capital. E esta campanha é muito direccionada e tem o objectivo claro de me afectar pessoalmente e também os meus negócios.
Vai manter os seus investimentos em Angola, atendendo a esta situação?
Gosto muito do meu país e acredito que estas campanhas são de algumas pessoas, não do país inteiro. Portanto, da mesma maneira que existem estas campanhas negativas, também sei que há em Angola muitas pessoas que me apoiam, gostam de mim e do trabalho que faço.
Eu acredito em Angola. Como todos os países tem momentos mais difíceis e outros melhores. Hoje vivemos momentos mais difíceis, a nossa situação económica é difícil, a crise económica dos últimos dois anos foi muito forte, a desvalorização da moeda que aconteceu no início deste ano teve impactos muito grandes nas empresas, nas famílias, na poupança. Não são dias fáceis. Mas, com coragem e trabalho, acho que Angola daqui a alguns anos irá para um rumo melhor, de certeza.