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Isabel dos Santos nega notificação da PGR e transferências bancárias de 38 milhões
A empresária angolana nega que, tal como avançou a imprensa estatal do país, tenha sido notificada pelas autoridades para prestar esclarecimentos sobre transferências bancárias após o término do seu mandato na Sonangol.
Isabel dos Santos reagiu esta terça-feira às notícias da imprensa pública angolana que davam conta que a empresária tinha sido notificada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana para prestar declarações no âmbito do inquérito em curso sobre a sua gestão à frente da empresa Sonangol.
A anterior presidente da petrolífera angolana "não recebeu qualquer notificação da Procuradoria-Geral da República de Angola", refere fonte oficial de Isabel dos Santos, acrescentando que "foi com surpresa que tomou conhecimento através da comunicação social que teria sido notificada para responder sobre actos da sua gestão na Sonangol".
Tanto a Televisão Pública de Angola (TPA) como a Rádio Nacional de Angola (RNA) noticiaram que a filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos foi notificada a 17 deste mês. Acrescentaram que Isabel dos Santos não respondeu, pelo que seria novamente notificada "a qualquer momento".
Tal como já havia referido em entrevista ao Negócios em Março, Isabel dos Santos reafirma que "é falsa a afirmação de que foram realizadas transferências bancárias de 38 milhões de dólares após a cessação de funções da anterior administração da Sonangol.
A 15 de Novembro de 2017, o então novo chefe de Estado angolano, João Lourenço, exonerou Isabel dos Santos da presidência do conselho de administração da Sonangol, nomeando para idênticas funções Carlos Saturnino, que, até Dezembro de 2016, tinha sido presidente da comissão executiva da Sonangol Pesquisa & Produção.
Fonte oficial da empresária detalha que a 16 de Novembro de 2017 decorreram reuniões "de passagem de pasta" e "não existem instruções de pagamentos, ou outras instruções com data posterior a 16 de Novembro de 2017".
A 2 de Março deste ano, a PGR abriu um inquérito para apurar as denúncias feitas dois dias antes pelo actual presidente do conselho de administração da Sonangol, que acusou a empresária de, pouco depois de exonerada, ter feito transferências no valor superior a 38 milhões de dólares para uma empresa no Dubai.
Num comunicado, a PGR indicou então que o inquérito visa "investigar os factos ocorridos, bem como o eventual enquadramento jurídico-criminal dos mesmos". As conclusões do inquérito, ainda segundo o comunicado, "serão oportunamente levadas a conhecimento público, sem prejuízo do segredo de Justiça", mas até hoje não foram revelados.
A decisão da PGR ocorreu dois dias depois de o presidente do conselho de administração da Sonangol ter denunciado a saída de montantes avultados em nome da empresa Matter Business Solutions DMCC, com sede no Dubai.
Segundo fonte oficial de Isabel dos Santos, "tratam-se de pagamentos totalmente legítimos de facturas emitidas, relativas ao trabalho efectivamente realizado, e prestados por vários consultores subcontratados no âmbito dos trabalhos do Projeto de Reestruturação da Sonangol".