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Defesa de Sócrates diz que envolvimento de Salgado visa prolongar processo
Os advogados do ex-primeiro-ministro defendem que a "novidade" Ricardo Salgado na Operação Marquês cria um"novo pretexto para uma nova prorrogação e para continuar uma investigação de que, visivelmente, não sabe já o que fazer".
Os advogados de José Sócrates acusam o Ministério Público (MP) de introduzir Ricardo Salgado na Operação Marquês como "pretexto" para prolongar o processo judicial, cujo prazo de investigação termina em Março deste ano.
Num comunicado enviado às redacções esta quinta-feira, 19 de Janeiro, os advogados João Araújo e Pedro Delille dizem que após as suspeitas do MP sobre negócios envolvendo o grupo Lena, Parque Escolar, ou Vale do Lobo, vem "mergulhar agora nas ondas do Grupo Espírito Santo" e introduzir a "novidade" Ricardo Salgado.
"Agora, depois de [o Ministério Público] ter ilegalmente violado por quatro vezes o prazo máximo de inquérito, prepara novo pretexto para uma nova prorrogação e para continuar uma investigação de que, visivelmente, não sabe já o que fazer", argumentam no mesmo documento.
O ex-presidente do Banco Espírito Santo foi interrogado esta quarta-feira no Departamento Central de Investigação e Acção Penal e no Tribunal Central de Instrução Criminal, tendo deixado as instalações como arguido, proibido de se ausentar para o estrangeiro sem prévia autorização e de contactar com os restantes arguidos, o que inclui José Sócrates. E com uma nova suspeita: a da prática de crime de tráfico de influência.
A defesa de Salgado negou ontem qualquer ligação com Sócrates na alegada transferência de verbas do Grupo Espírito Santo para contas na Suíça do amigo do ex-primeiro-ministro, Carlos Santos Silva, e deste para Sócrates, no âmbito da venda da Vivo e compra da Oi pela Portugal Telecom no Brasil, processo em que as decisões do ex-governante teriam beneficiado o universo Espírito Santo.
"É uma falsidade que seja dono, que tenha tido acesso ou sequer conhecimento de qualquer conta bancária na Suíça, como claramente se encontra comprovado nos autos; e é também absolutamente falso que o seu Governo tenha tomado qualquer decisão visando beneficiar o Dr. Ricardo Salgado ou o Grupo Espírito Santo", respondem os advogados de Sócrates no comunicado de hoje.
Por outro lado, repetem a linha de defesa que tem sido exibida nos meses desde que foi detido para investigação: alegam que Sócrates foi preso "sem factos e sem provas, fez imputações infundadas e insultuosas" e que o MP "perseguiu" o antigo primeiro-ministro motivado "no ódio pessoal e em razões políticas."
O prazo para a investigação da Operação Marquês foi alargado em Setembro do ano passado por mais 180 dias, devido a novos factos e à espera de resultado de pedidos de cooperação feitos à justiça suíça e britânica, o que atira para Março deste ano a conclusão do inquérito.
Na altura, a Procuradoria-Geral da República deixava em aberto a possibilidade de um novo adiamento: "Só a título muito excepcional, mediante requerimento fundamentado dos magistrados titulares, poderá ser admitida a possibilidade de prorrogação deste prazo", referia então o comunicado da PGR.