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Bataglia entregou Ricardo Salgado na Operação Marquês

O ex-presidente da Escom, Hélder Bataglia, foi ouvido por Rosário Teixeira em Janeiro e foi o seu depoimento que levou a investigação a chamar e a constituir arguido no processo Ricardo Salgado. Em causa um pagamento de 12 milhões para Carlos Santos Silva, avança o Expresso.

Bruno Simão/Negócios
Negócios 21 de Janeiro de 2017 às 11:13
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A história é contada no Expresso deste sábado. Hélder Bataglia foi ouvido pelo Ministério Público no passado dia 5 de Janeiro. Dez horas de interrogatório complementar e que, segundo o Expresso, vai ter implicações profundas no desfecho da Operação Marquês, que tornou José Sócrates suspeito de corrupção, ao qual se juntou, agora, Ricardo Salgado, ex-presidente do BES.

O Expresso diz mesmo que o depoimento do ex-presidente da Escom, Bataglia, "reforça os indícios de culpabilidade do ex-primeiro-ministro".

Bataglia terá dado informações que indiciam como motivo para a alegada corrupção de Sócrates ter a ver com vários processos que envolvem a Portugal Telecom, nomeadamente o chumbo à OPA da Sonae e, mais tarde, à venda da Vivo e entrada na Oi.

O Expresso diz que o Ministério Público acredita que os alegados pagamentos a Sócrates começaram a 2007 através de um primo - José Paulo Pinto de Sousa.

Segundo o depoimento de Bataglia, o então presidente do BES, Ricardo Salgado, pediu-lhe um favor: transferir de uma conta do empresário luso-angolano na Suíça uma quantia de 12 milhões de euros para Carlos Santos Silva. Bataglia terá dito que sabia quem era Carlos Santos Silva, mas não questionou o motivo da transferência. Pediu, no entanto, para si próprio uma verba de 3 milhões como prémio de ter conseguido a licença bancária em Angola para o BES Angola. Daí ter havido uma transferência total de 15 milhões. 

Os 12 milhões acabaram transferidos em seis tranches entre Abril de 2008 e Maio de 2009. Em cada um dos pagamentos houve um encontro entre Bataglia e Carlos Santos Silva. Bataglia terá dito que recebeu o dinheiro na sua conta através da ES Enterprises.

Combinaram que as transferências para a conta de Bataglia e as saídas dessa conta não podiam coincidir no tempo e terão sido dissimuladas através de contratos feitos em offshores, nomeadamente no Panamá. Aqui vários processos cruzam-se. Bataglia terá sabido do seu gestor de conta na suíça - Michel Canals, com quem formaria a Akoya, visada no processo Monte Branco - que a transferência estava a ser feita para uma conta de Joaquim Barroca, um dos donos do grupo Lena. Joaquim Barroca, quando foi ouvido pelo Ministério Público, disse desconhecer os movimentos bancários, acrescentando que tinha sido Carlos Santos Silva a utilizar essa conta, apesar de estar em seu nome. 

Ao Expresso Bataglia não comentou estas informações e o advogado de Ricardo Salgado afirma que "qualquer tese nesse sentido é complementamente falsa e inventada por motivos que deviam ser investigados".

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