Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Rocha Andrade: Bancos são como qualquer outro proprietário imobiliário

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais defendeu que os bancos são "como qualquer outro proprietário" quanto ao adicional ao IMI, considerando que o património imobiliário que o sector herdou do crédito malparado "não é responsabilidade do Estado".«

Miguel Baltazar
01 de Dezembro de 2016 às 07:37
  • 10
  • ...
Aquando da apresentação da proposta do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), os bancos mostraram-se preocupados com os encargos que vão ter de suportar com o adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), sobretudo devido aos imóveis que herdaram por crédito malparado, admitindo que vão acabar por pagar grande parte da receita que o Governo conta arrecadar.

"Espero que [os bancos] não estejam a responsabilizar o Estado pelas políticas de crédito passadas. Não é uma responsabilidade do Estado. O que eu posso dizer é isto: o sector bancário aqui é tratado como qualquer outro proprietário", afirmou Fernando Rocha Andrade, em entrevista à agência Lusa.

O secretário de Estado desvalorizou assim as preocupações do sector, lembrando que "os impostos incidem sempre sobre alguém e alguém acaba por pagar impostos".

No entanto, Rocha Andrade disse que a banca pode deduzir a totalidade do adicional ao IMI relativo aos imóveis afectos ao arrendamento, o que "acaba por criar um incentivo económico certo".

Ainda sobre o adicional ao IMI, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais garantiu que a medida "é precisamente o elemento de progressividade na tributação do património" e que o Governo está "satisfeito com o desenho que ele acabou por ter".

No Programa de Governo, o executivo tinha inscrito como objectivo a "revisão da tributação municipal do património, ponderando a introdução da progressividade no IMI", um objectivo que Rocha Andrade diz ficar já alcançado.

Sobre a possibilidade de tributar também o património mobiliário, o secretário de Estado elencou as dificuldades que se colocam a esse tipo de tributação e defendeu que Portugal não deve avançar isoladamente, mas antes acompanhar as decisões tomadas a nível internacional.

"A dificuldade da tributação do património não imobiliário é a capacidade de esse património se deslocar, sobretudo os activos financeiros passivos, que, num mundo como o de hoje, são activos que normalmente respondem à hipótese de tributação com uma rápida deslocalização e facilidade de ocultação no estrangeiro", argumentou.

No entanto, o governante admitiu que, "eventualmente, dentro de alguns anos", poderá haver uma evolução "no sentido da tributação do património financeiro", à medida que se forem criando "instrumentos multilaterais" de troca automática de informações que, por exemplo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem estado a desenvolver.

"Mas, neste momento, não creio que existam condições para isso e é um domínio em que um país como Portugal, uma pequena economia aberta, não deve avançar sozinho", concluiu.
Ver comentários
Saber mais IMI adicional ao IMI Impostos Rocha Andrade
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio