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Offshores: “Relatório da IGF ainda lança mais dúvidas e deixa tudo em aberto”, diz sindicato
Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos insiste em que terá havido intervenção humana no caso das transferências para offshores que escaparam ao controlo do Fisco. Relatório da IGF, diz, “deixa de fora o que é crucial”.
"Este relatório não só não esclarece, como ainda lança mais dúvidas e demonstra uma grande incapacidade na realização de perícias, não sustentando a conclusão de que não existiu intervenção humana." Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, mantém, assim, a sua tese: o caso das transferências para offshores que escaparam ao controlo do Fisco está longe de ser consequência apenas de um erro informático e teve mão humana.
A Inspeção-geral de Finanças (IGF), incumbida de realizar uma auditoria ao que aconteceu, foi conhecido esta terça-feira e conclui que houve uma "alteração do comportamento da aplicação" informática que recebia as declarações enviadas ao fisco pelos bancos, a informar sobre os valores transferidos para paraísos fiscais, mas que é "extremamente improvável" que tal tenha "resultado de uma intervenção humana deliberada".
Este relatório, considera Paulo Ralha, "está feito para responder a todos os deuses e diabos, mas deixa de fora o que é crucial, porque não segue a pista para saber quem apagou os ‘logs’". Com efeito, conclui-se do relatório que "os logs [acessos] relativos ao processamento das declarações modelo 38, que documentariam ao longo dos anos o número de transferências que ficaram por analisar, terão sido sucessivamente ignorados e foram apagados". Em face disso, os peritos informáticos admitem que é "impossível" um "esclarecimento definitivo da razão para alteração de comportamento do software verificada a partir de 2013".
"Tudo isto parece um branqueamento", insiste Paulo Ralha. "Tiram uma conclusão que não sustentam. E deixam tudo em aberto. Se os ‘logs’ foram apagados, foi precisamente para apagar o rasto dessa intervenção humana".
Paulo Ralha considera que será importante uma intervenção do Ministério Público que esclareça tudo o que se passou.