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IMI das barragens: “Não excluimos a possibilidade de cobrar 2019”, diz diretora do Fisco
Helena Borges afirmou no Parlamento que ainda pode haver a possibilidade de cobrar o IMI das barragens referente a 2019. A diretora-geral explicou que há 32 liquidações feitas, a outras tantas barragens. E que o número de aproveitamentos hidroelétricos identificados já subiu de 166 para 265.
"Não excluimos a possibilidade de continuar a cobrar impostos de 2019" afirmou esta quinta-feira no Parlamento a diretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Sem detalhar, a responsável lembrou a existência de uma lei, aprovada durante o período da pandemia, "a lei 1-A de 2020 que suspende os prazos de caducidade de liquidação dos impostos".
Helena Borges falava esta noite na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito de uma audição solicitada de urgência pelo Bloco de Esquerda na sequência de notícias, no início do ano, que davam conta de que o IMI das barragens referente a 2019 já não poderia ser cobrado por ter passado o prazo legal para o efeito.
Nuno Félix, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, foi também ouvido esta quinta-feira na mesma comissão Parlamentar, mas durante a manhã. Nessa altura adiantou já que o Fisco concluiu até agora a avaliação de 83 das 166 barragens identificadas no processo, tendo liquidado IMI a 32 delas.
Os procedimentos acabaram mesmo por não ficar "todos concluídos até 31 de dezembro, mas o importante é o imposto referente ao ano de 2020 e seguintes", afirmou então o secretário de Estado.
A diretora-geral confirmou os números e explicou que em outubro o Fisco tinha contabilizado 166 barragens para avaliar, mas que esse número subiu, entretanto, para 265.
"A AT está a fazer um trabalho de fundo e para isso precisa de tempo", sublinhou.
Helena Borges recusou atrasos propositados no processo de avaliação por parte da AT e garantiu que os trabalhos necessários à avaliação das barragens e sua inscrição na matriz arrancaram logo em fevereiro, na sequência do primeiro despacho nesse sentido emitido pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Isso foi feito "em articulação com a APA [Agência Portuguesa do Ambiente]" e na sequência dos dados recebidos dessa entidade. Era preciso "ter a certeza de que o resultado que iríamos alcançar era o que se pretendia", daí ter sido necessário solicitar novos elementos, explicou.
"Os prazos que usamos são os que estão consagrados na lei" e a AT "deve garantir o exercício dos direitos dos contribuintes", frisou Helena Borges, assumindo que a AT "não tinha conhecimento do detalhe" do trabalho que tinha pela frente. "Das barragens de Bragança, apenas uma estava inscrita na matriz desde 1990. Nunca pagaram impostos", exemplificou.
A diretora-geral lamentou as notícias saídas que deram como garantido que a AT tinha deixado caducar o imposto de 2019 por ter deixado passar o prazo de caducidade previsto na lei, que permite ao Fisco cobrar impostos até quatro anos para trás.
"Quando se fazem estes julgamentos descontextualizados, e se usam para diminuir a confiança que os contribuintes têm na AT", isso "é algo que magoa bastante quem faz o seu melhor todos os dias", lamentou. "Tem havido em torno deste processo um grande ruído e informação pouco clara" e "este convite para vir aqui foi julgarem-nos em antecipação", rematou.
(notícia em atualização)