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Jerónimo de Sousa: "Não estamos amarrados e condicionados a nenhum acordo" com o Governo

O secretário-geral do PCP diz que o partido não tem linhas vermelhas nas negociações para o Orçamento do Estado, mas deixou uma lista de medidas que quer ver tratadas no documento.

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03 de Outubro de 2017 às 20:09
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Numa declaração recheada de recados ao PS, o secretário-geral do PCP fez do balanço dos resultados das autárquicas um aviso que não perdeu força na reivindicação de medidas a tomar pelo actual Governo, deixando mesmo uma lista de exigências.

 

Após a reunião do comité central do PCP, o secretário-geral do partido afirmou que o facto de os comunistas terem registado o pior resultado de sempre em autárquicas, tal "não reduz a determinação do PCP para responder aos problemas dos trabalhadores".

 

"Que ninguém se iluda. Não nos deixaremos condicionar por resultados eleitorais, sejam eles quais forem", avisou Jerónimo de Sousa, em declarações transmitidas pela RTP3, reforçando que "só quem não conhece este partido, a sua história e coerência, é que pode alimentar essa ilusão".

 

Deixado o recado que os resultados das eleições não enfraqueceram a posição do PCP na geringonça – uma mensagem que já tinha deixado após o encontro com o Presidente da República – Jerónimo de Sousa partiu depois para a posição do partido sobre o Orçamento do Estado e as medidas que o Governo deve implementar.

 

Para Jerónimo de Sousa, é claro que se há uma melhoria na evolução da economia portuguesa, "ela é inseparável da política de reposição de rendimentos". Por isso, é necessário dar "novos passos e avanços e não ficar amarrado a constrangimentos".

 

O PCP defende uma política alternativa que "não fique prisioneira das imposições externas e interesses do grande capital, como pretende o governo do PS". E que é preciso "ir mais longe" na defesa dos trabalhadores.

 

Para o líder do PCP, "nada justifica que se continue a resistir a aumento dos salários", sendo que o partido "bate-se pelo aumento das pensões e reformas, melhoria da protecção social no desemprego e aumento do investimento público". E também pela "justa tributação do grande capital" e "revogação das normas mais gravosas da reforma laboral".

 

Jerónimo de Sousa avisou que todas estas temáticas devem estar reflectidas no Orçamento do Estado e avisou que o partido vai realizar uma jornada nacional, no final deste mês, para um contacto com a população sobre os avanços verificados na reposição dos direitos dos trabalhadores.

 

Instado pelos jornalistas a comentar se o PCP terá uma posição mais enfraquecida nas negociações com o Governo, Jerónimo de Sousa afastou este cenário e lembrou que no passado o partido conseguiu que várias das suas propostas fossem aprovadas.

 

Lembrou que o actual Governo é minoritário e que não existe "nenhum acordo" com o Executivo de António Costa, mas sim uma "posição conjunta que define um grau de compromisso. Cada partido mantém a sua independência em relação a este governo".

 

Afirmando que o PCP não tem linhas vermelhas nas negociações, mas sim objectivos, Jerónimo de Sousa avisou que "não estamos amarrados e condicionados a nenhum acordo".

 

"O nosso compromisso é com os trabalhadores e não com o governo PS", afirmou Jerónimo, considerando que esta declaração não é um aviso, mas sim um facto.

Quanto à continuidade do Governo até ao fim da legislatura, afirmou que "no quadro da posição conjunta, esse compromisso será assumido, mas o que determinará o futuro do Governo do PS está nas mãos do próprio PS. Se viesse a tese de que temos de parar ou de andar para trás, seria um retrocesso de grande gravidade, na medida em que quebraria as justas expectativas que o povo português tem", disse

No rol de críticas ao PS, Jerónimo de Sousa acusa o partido de Costa de "não se libertar dos interesses do capital monopolista", de ser "co-responsável pelas alterações negativas ao Código do Trabalho", de aceitar as "imposições da União Europeia, querendo fazer a quadratura do círculo, aceitar a dívida e serviço da dívida".

"Não peçam ao PCP para ser a peninha no chapéu", avisou Jerónimo.

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