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Empresas familiares lamentam opção do Governo de actualizar pensões em vez de promover investimento

O presidente da Associação das Empresas Familiares (AEF), Peter Villax, lamentou hoje, em entrevista à agência Lusa, a opção do Governo para 2017 de actualizar pensões, em detrimento de medidas de promoção de investimento.

Jorge Paula/Correio da Manhã
21 de Outubro de 2016 às 07:53
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Para o responsável, na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2017, conhecida na passada sexta-feira, o Governo coloca em conflito medidas de ordem social e medidas de promoção do investimento.

 

O Governo apresentou na proposta de OE2017 uma actualização extraordinária das pensões de 10 euros a partir de agosto para pensionistas cujo rendimento seja inferior a 1,5 IAS e que não tenham tido actualização, alargando também o primeiro escalão de 1,5 IAS (Indexante de Apoios Sociais) para 2 IAS.

 

O impacto financeiro total decorrente do conjunto de actualizações previstas para 2017 em matéria de pensões será de 200 milhões de euros, segundo as contas do Executivo.

 

"Infelizmente fez uma escolha e foi para repor níveis de rendimento em termos sobretudo de pensões, o que é uma situação muito favorável para os pensionistas, mas que coloca sempre Portugal numa situação precária em relação à despesa que essa reposição de pensões acarreta", disse Peter Villax.

 

"Somos a favor da reposição dos direitos sociais, mas achamos que isso tem que ser feito a pensar obrigatoriamente na sustentabilidade dessas medidas", sublinhou.

 

Assim, continuou, com o endividamento de Portugal a continuar a subir, esta opção acaba por tornar-se "muito preocupante", porque o Governo não está a resolver um problema, mas sim a agravá-lo.

 

"E basta haver uma mudança de sentimento nos mercados internacionais, sobretudo de dívida soberana, para nos acontecer de novo o pânico que aconteceu em 2011 e que obrigou à intervenção de entidades externas, a 'troika', que vieram afectar a soberania do nosso país e do nosso Governo", disse.

 

Para Peter Villax, a "situação é complexa" e as consequências "vão para lá de 2017".

 

"Neste momento estamos com o crescimento do PIB e do investimento a níveis anémicos, infelizmente, e isso é uma situação que muito nos preocupa", lamentou à Lusa. 

 

Para os empresários, defendeu, o incentivo ao investimento é o mais importante.

 

"Não é através de subsídios ou benesses. Nada disso. Tem a ver com a confiança", sublinhou.

 

"Quando o Governo anuncia medidas para tributar o imobiliário acima de determinado nível ou anunciou a possibilidade de comunicar ao fisco os depósitos bancários acima dos 50 mil euros isso gera imediatamente um sentimento de desconfiança em relação às medidas do governo. [Este último] embora não tenha ido para a frente já fez mal à confiança dos mercados porque já sabemos que a medida está guardada na gaveta e daqui a uns meses pode voltar. O mal já foi feito", disse.

 

Para Peter Villax, neste momento "não há nada mais importante do que fortalecer os níveis de confiança tanto nas políticas do Governo como na economia do nosso país".

 

É preciso falar de "salários dignos"

 

Peter Villax considerou hoje que as empresas não devem falar de salários mínimos, mas de "salários dignos", encontrando condições de desenvolvimento e de investimento para que estes possam chegar a todos.

 

"Não devemos falar de salários mínimos, mas sim de salários dignos e temos que encontrar as condições de desenvolvimento e de investimento para podermos proporcionar salários dignos a todos", defendeu o responsável em entrevista à agência Lusa.

 

Para Peter Villax, não há razão para Portugal continuar com "níveis de crescimento anémicos".

 

"Temos que ter políticas que favoreçam o investimento e o crescimento da nossa economia para todos nos podermos ter salários dignos e que permitam ter uma vida digna".

 

Segundo o responsável, os especialistas da criação de emprego e geração de investimento são os empresários e os gestores.

 

"Se quiserem criar emprego e aumentar investimento perguntem-nos a nós que somos os especialistas", disse à Lusa.  

 

Questionado sobre os níveis de precariedade no sector que representa, Peter Villax refere que "a precariedade é uma resposta do mercado e é sintomático de uma economia pobre".

 

"Temos que resolver não através de legislação própria, mas através do desenvolvimento da nossa economia. Não podemos ter outro objectivo senão o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a taxas de 3% ao ano ou mais", disse.

 

De acordo com Peter Villax, a AEF tem actualmente 300 associados e representa entre 60 a 70% do PIB português.

 

A 17 e 18 de Novembro a associação - que celebrou recentemente 18 anos - organizará uma cimeira de empresas familiares ao nível europeu para discutir a unidade da Europa. 

(Correcção: A fotografia inicial era de Guy Villax e não de Peter Villax. Pedimos desculpa aos visados)

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