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Weidmann responsabiliza imigração pelos baixos salários na Alemanha
O presidente do banco central alemão defendeu que o lento crescimento dos salários na Alemanha se deve em parte à pressão descendente exercida pelos imigrantes oriundos de outros Estados-membros da União Europeia.
O lento crescimento dos salários na Alemanha deve-se, entre outros factores, à pressão feita pelos imigrantes comunitários que acedem ao mercado de trabalho germânico, defende Jens Weidmann, presidente do banco central alemão (Bundesbank), que é apontado como possível sucessor de Mario Draghi na liderança do Banco Central Europeu (BCE).
Em declarações proferidas esta quinta-feira, 18 de Janeiro, numa conferência conjunta do Bundesbank e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Frankfurt, Weidmann sustentou que a migração vinda de outros países da União Europeia é parcialmente responsável pela lenta valorização salarial na maior economia do euro.
Jens Weidmann recorre a dados do Bundesbank que "sugerem que a migração de outros Estados-membros da UE justificam parcialmente a pressão descendente sobre os salários na Alemanha".
Para Weidmann outra razão prende-se com o facto de os sindicatos alemães insistirem em propostas para a redução da jornada laboral e na exigência de maior formação para os trabalhadores, aparentemente deixando para segundo plano a reivindicação de aumentos salariais.
Esta afirmação não deixa de ser algo contraditória com o facto de, precisamente nesta altura – momento em que está a ser negociada formalmente uma coligação de governo entre o bloco conservador de Angela Merkel e o SPD de Martin Schulz -, os sindicatos alemães estarem a pedir aumentos dos salários. O maior sindicato germânico (IG Metall, do sector metalúrgico) exige um aumento de 6% ao salário anual.
Weidmann sublinhou ainda que o lento crescimento dos salários afecta outras grandes economias, como os Estados Unidos, Reino Unido e Japão. "Isso sugere que os factores responsáveis pelo atrasar do crescimento dos salários não são apenas idiossincráticos, mas pelo menos em parte também internacionais", justificou.
Nesta altura, a lenta subida dos salários é apontada como uma das principais preocupações do BCE, um factor que contribui para que a taxa de inflação na eurozona continue aquém da meta dos 2%.
O que, por sua vez, justifica a manutenção em vigor das medidas de estímulo económico não convencionais adoptadas pela instituição liderada por Draghi. Em paralelo à lenta subida da inflação no bloco do euro, a região atravessa uma fase de aceleração económica e redução do desemprego.
Weidmann rebate críticas de Lagarde
Antes da conferência que contou também com a presença da directora-geral do FMI, Christine Lagarde escreveu um artigo em que repetiu uma ideia já reiterada pela instituição. Lagarde defendeu que a Alemanha devia investir os excedentes orçamentais acumulados nos últimos anos para potenciar o crescimento nos anos vindouros.
De acordo com o Instituto de Investigação Económica (IFO) alemão, em 2017 o excedente orçamental germânico, o quarto consecutivo, foi o maior gerado em todo o mundo. Em 2017, o excedente foi de 1,2% do PIB, o maior desde a reunificação alemã promovida em 1990.
A líder do FMI defendeu que o governo alemão devia investir na renovação e construção de novas infra-estruturas, questionando-se ainda sobre o motivo que levará famílias e empresas a poupar tanto e a investir tão pouco.
Weidmann discorda das críticas de Lagarde e garante que a Alemanha não deve aumentar a despesa pública, embora conceda que pode planear melhor a forma de a realizar.