O ministro da Economia, António Pires de Lima, afirmou esta terça-feira, 14 de Outubro, que o Estado está disponível para continuar a actuar como parceiro da Portugal Telecom (PT) em investimento no mercado português.

Pires de Lima falava na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas, na sequência de requerimentos feitos pelo PS e PCP sobre o comércio internacional.

Um dos pontos mais quentes durante a audição teve a ver com a actual situação da PT.

Num tom crítico, Pires de Lima disse que o PS "não tem as mínimas condições éticas para dar lições de moral" ao actual Governo sobre a actuação deste relativamente à PT.

"A PT tem hoje novo presidente, felizmente alguém que foi escolhido fora do sistema, Armando Almeida, e este é talvez o maior sinal de esperança em relação ao futuro" da empresa, disse o governante.

"Eu próprio já me mostrei disponível para receber e reunir com a Comissão de Trabalhadores da PT", mas "sem interferências abusivas do Estado", numa alusão ao PS, o que gerou protestos do partido.

"O Estado - já manifestei à nova administração da PT - está disponível para continuar a actuar como parceiro da PT em investimento", como foi o caso do centro de investigação de Aveiro ou o centro de dados da Covilhã.

"É importante que a PT inicie um ciclo novo onde a gestão privada mostre a sua competência e independência em relação ao poder político, coisa que nunca aconteceu no passado", sublinhou Pires de Lima.

"Se houve político que criticou [a situação da PT], ele tem um nome: o meu nome", disse.

"No princípio de Agosto denunciei essa situação, no dia seguinte Henrique Granadeiro apresentou a demissão [dos cargos que ocupava na empresa]", sublinhou.

"O Partido Socialista não tem qualquer condição para dar lições de ética", apontou, o que gerou protestos dos deputados do PS Paulo Campos e Fernando Serrasqueiro.

Já este fim-de-semana, em entrevista ao Expresso, o ministro da Economia criticou a gestão da Portugal Telecom, encabeçada por Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. "PT é um exemplo chocante de destruição de valor". As palavras foram ditas por Pires de Lima ao Expresso que acrescentou que a PT tinha sido capturada pelos interesses próprios e de um accionista.