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Histórias de quem sente na pele o emprobrecimento

O empobrecimento é muito mais do que uma simples estatística. Repórteres da Antena 1 foram para o terreno e contam-lhe sete histórias de quem está a ser vítima da crise. Retratos plurais que ajudam a ler a realidade.

30 de Novembro de 2012 às 00:01
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Viver da arte em Prtugal nunca foi fácil e vêm à memória casos de escritores que prestaram serviço como funcionários públicos, músicos que trabalharam como arquivistas ou médicos, actores que servem à mesa de restaurantes.

Contas arredondadas por Luís Cunha da direcção do Cena – Sindicato dos Músicos, dos Profissionais do Espectáculo e do Audiovisual, indicam-nos que não serão mais de 5% os que têm contrato de trabalho numa instituição ou empresa.

Margarida Barata e Nuno Lucas são dois exemplos que reforçam o perfil do artista português. Ela tem 34 anos, é licenciada em Teatro (ramo de Produção) mas, até agora, só conseguiu viver da sua vocação durante alguns meses. Conduzir turistas por Lisboa em Tuk-Tuk’s (riquixós motorizadas), dar aulas no âmbito das AEC’s (Actividades de Enriquecimento Curricular ) no ensino básico e outros trabalhos que apareçam, põem-lhe o pão na mesa. As produções e ensaios de A Vara Teatro (companhia de que faz parte) acontecem à noite, sem apoios, dependendo apenas da receita da bilheteira.

O sonho de viver do palco

Outro exemplo é o de Nuno Lucas, 33 anos, que começou um curso de Engenharia Mecânica e o abandonou por amor à música. Hoje trabalha num ‘call center’ em Lisboa, enquanto contribui como baixista para projectos nacionais como Julie & The Carjackers, Márcia, Walter Benjamin, Kalú e para uma banda própria, os Sexy Sundays. As noites de sono são curtas mas, diz, "não conseguiria existir de outra maneira". Ambos têm o desejo de viver do palco mas sabem que esse dia está longe.

Nuno denuncia a falta de ética das produtoras de espectáculos e festivais, a ausência de salas com programação regular, escassos lucros resultantes dos direitos de autor. Margarida confessa que nunca viu um contrato de trabalho e acredita que existam muitos como ela. Fazem parte da grande massa que trabalha a recibo verde e que, por isso, não têm direito a subsídio de desemprego (porque a actividade é intermitente), a férias pagas ou subsídio de alimentação.

Luís Cunha acrescenta "assim os artistas não podem recorrer aos mecanismos normais de protecção social e, daí, advém consequências para a vida profissional e pessoal". Margarida reforça: "não posso pensar numa família, o pouco tempo que tenho é para a minha mãe". Nuno, por seu turno, deseja sair de casa e viver sozinho "mas isso, também, vai ter que esperar"!

* Antena 1

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