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Centeno prefere "obrigações" a apanhar "boleia" da renegociação da dívida
O ministro das Finanças reafirmou o compromisso com os objectivos do Programa de Estabilidade e as metas do OE para 2016. "É altura de nos concentrarmos nas nossas obrigações", disse, no final do Eurogrupo que debateu o resgate grego.
O ministro das Finanças recusou aproveitar as negociações em curso dos credores com a Grécia para reabrir a discussão em torno da renegociação da dívida de Portugal e reafirmou o compromisso do Governo português com o cumprimento do Programa de Estabilidade e as metas do Orçamento para 2016.
"Não [risos], é altura de nos concentrarmos nas nossas obrigações", disse Mário Centeno esta segunda-feira, 9 de Maio, em Bruxelas, à saída do Eurogrupo extraordinário que debateu o terceiro resgate à Grécia, quando questionado pelos jornalistas sobre se o Governo português quererá "aproveitar a boleia" da Grécia e renegociar a dívida com os credores.
"A última expressão que usou [renegociação] não foi o que temos referido. Temos um Programa de Estabilidade aprovado, que queremos cumprir, que vem na sequência do Orçamento do Estado para 2016. O Governo português sabe bem o rigor e a exigência que tem de pôr na sua acção. É nesse caminho que devemos trilhar", afirmou o governante em declarações transmitidas pelas televisões.
O Eurogrupo desta segunda-feira confirmou a abertura para rever as condições de pagamento da dívida grega, designadamente voltar a estender os prazos de reembolso e de carência para pagamento de juros, medidas que só entrarão em vigor no final do programa, em 2018, e no pressuposto de que seja implementado o acordo estabelecido com Atenas no Verão passado.
Em Fevereiro, no segundo dia de debate na generalidade do Orçamento do Estado, e depois da pressão pública do BE e do PCP nesse sentido, o próprio Mário Centeno tinha manifestado disponibilidade do Governo para discutir a reestruturação da dívida, mas avisou que o Executivo não suscitará esse debate e só o fará "quando se colocar em termos europeus".
O acordo para a formação de Governo com os partidos à esquerda, nomeadamente entre o BE e o PS, previu a criação de um grupo de trabalho para discutir a sustentabilidade da dívida de Portugal. No início de Abril, a Renascença noticiava que o grupo estava criado (João Leão, secretário de Estado do Orçamento, pelo Governo, Francisco Louçã e Pedro Filipe Soares pelo BE e João Galamba e Paulo Trigo Pereira pelo PS), mas ainda não tinha havido reuniões por questões de agenda.