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CAP considera que processo das sanções afectou a economia

Depois do encontro com o Presidente da República, o líder da CAP sustentou que independentemente do cancelamento das sanções, o processo acabou por afectar a economia portuguesa. João Machado teme um Orçamento do Estado restritivo.

Miguel Baltazar/Negócios
27 de Julho de 2016 às 20:23
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O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) considerou esta quarta-feira, 27 de Julho, que, apesar de afastadas sanções por défice excessivo, o processo afectou a economia portuguesa e disse temer um Orçamento do Estado restritivo, com aumento de impostos.

 

"É aí que as nossas preocupações se centram, porque tememos que o próximo Orçamento do Estado ainda seja mais restritivo que este", declarou João Machado aos jornalistas, na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, após uma reunião com o Presidente da República, para uma análise da situação política, que durou perto de uma hora.

 

João Machado manifestou, desde já, a oposição da CAP a um eventual aumento de impostos: "Qualquer aumento de impostos que penalize a maioria dos portugueses e que penalize as empresas, para reverter quaisquer outras medidas que o Bloco de Esquerda ou que o Partido Comunista tenham em mente, nós achamos que isso será muito prejudicial".

 

"Veremos como é que virão as propostas para o próximo Orçamento do Estado. Mas vemos que o clima que virá aí não será certamente fácil e que a própria União Europeia exigirá a Portugal metas para decrescer o défice que seguramente serão difíceis de cumprir", acrescentou.

 

Em resposta aos jornalistas, o presidente da CAP congratulou-se com a decisão da Comissão Europeia de recomendar o cancelamento da aplicação de sanções a Portugal por défice excessivo, defendendo que "seriam injustas e penalizariam ainda mais a situação difícil que o país vive".

 

Contudo, considerou que o processo já teve efeitos negativos: "Eu acho é que o procedimento de sanções já veio penalizar o país. E, portanto, algum mal daquele que poderia ser feito à nossa economia está feito, nomeadamente em termos de confiança dos mercados".

Quanto ao balanço da CAP sobre a situação do país, João Machado disse ter transmitido ao Presidente da República preocupação "com o andamento do país", em particular com a evolução do investimento, "com números muito negativos", e com as exportações, "claramente a desacelerar", mesmo no sector agrícola.

No seu entender, "há uma grande desconfiança no futuro de Portugal e, portanto, não se investe".

O presidente da CAP acrescentou que "o mercado interno não cresceu ao ritmo que estava previsto" e manifestou também preocupação com a banca: "Sentimos no terreno, nas empresas, que há uma grande dificuldade em financiar a economia real".

"Tudo isto leva a que nós achemos que deveria haver uma atenção maior para o crescimento da economia, para a criação de emprego e para a criação de valor", concluiu.

João Machado aproveitou para reiterar a oposição da CAP à "reversão de algumas medidas que tinham sido tomadas no Governo anterior", como a descida do IRC.

Por outro lado, alegou que há falta de investimento público nos projectos do Programa de Desenvolvimento Rural e do Portugal 2020.

"Nessa perspectiva, não vemos o futuro com grande tranquilidade, bem pelo contrário", afirmou.

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