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Artur Santos Silva considera ameaça de sanções algo "destituído de sentido"
O chairman do BPI acha "extraordinário" que se esteja a discutir um processo sancionatório a Portugal devido a "umas décimas do PIB". Para Santos Silva o cenário de sanções a Portugal é "completamente destituído de sentido".
Na Grande Entrevista da RTP da passada quarta-feira, Artur Santos Silva, chairman do BPI, criticou a falta de orientação política de Bruxelas lamentando que exista a possibilidade de Portugal ser alvo de sanções por "umas décimas do PIB". O também presidente do Conselho de administração da Fundação Gulbenkian considera "completamente destituído de sentido" que possa estar em preparação a aplicação de sanções a Lisboa por défice excessivo em 2015.
"Estando a falar de umas décimas do PIB, como é que isso se pode medir como alguma coisa que exige uma sanção", perguntou Santos Silva considerando a situação de "extraordinária".
Para o antigo CEP do BPI "ninguém percebe" que nesta altura a preocupação da Comissão Europeia esteja centrada no não cumprimento de défices orçamentais inferiores a 3% no ano passado.
"É exactamente por este tipo de situações que o modela europeu está sofrendo. Não há uma linha que se perceba, uma orientação que os políticos europeus estejam a dar aos cidadãos", criticou ainda Artur Santos Silva que deixa uma pergunta cuja resposta parece subentendida nos comentários anteriormente enunciados: "Qual é a visão que eles têm do futuro da europa?".
Sobre Portugal e Espanha pende a ameaça de uma potencial sanção no valor de 0,2% do respectivo PIB de cada país bem como o congelamento de parte dos fundos estruturais europeus previstos para 2017. Mas esta quarta-feira o vice-presidente da Comissão, Maros Sefcovic, após reunião do colégio de Comissários, anunciou que este processo de suspensão de fundos exigirá um debate com o Parlamento Europeu, isto na decorrência do pedido pelo presidente da assembleia europeia, Martin Schulz.
Já quanto à hipótese de multas por incumprimento das regras previstas pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento para o défice orçamental, Sefcovic revelou que essa questão estará em discussão, pela Comissão, "na próxima semana".