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Papandreou: "Se houvesse consenso político na Grécia tudo seria mais fácil"

O antigo primeiro-ministro socialista diz ser favorável a um referendo sobre o euro, mas é preciso que o Governo do Syriza/Anel clarifique que opção defende. Diz que falar de perdão de dívida agora não é boa ideia, mas acredita que o debate sobre mutualização tem de ser prosseguido e concluído a bem da Zona Euro.

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20 de Maio de 2015 às 19:19
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George Papandreou, antigo primeiro-ministro grego socialista, afirmou nesta quarta-feira que "tudo seria mais fácil se houvesse consenso político na Grécia".

 

Falando à margem da sua intervenção nas Conferências do Estoril, o governante que pediu o primeiro resgate para a Grécia em 2010 disse que essa ausência de consenso sobre as reformas e o rumo do país foi uma das razões, a par da impreparação da Europa e da gravidade do real "buraco" orçamental, que explicam o falhanço do primeiro programa de ajustamento - "todos estavam contra mim " -, que ameaça este segundo e que ajuda a perceber porque é que os programas da troika atingiram os seus principais objectivos em Portugal, na Irlanda e em Chipre, mas não na Grécia. 

 

"A minha esperança é que, estando o actual Governo a enfrentar o mesmo problema com o qual todos os partidos da esquerda à direita já tiveram de lidar, se acabe com o populismo e nasça uma nova Grécia", declarou.

 

Papandreou, que chegou também a sugerir um referendo sobre o euro no final de 2012, diz ser de novo favorável a uma consulta pública, mas é preciso - salienta - que o Governo do Syriza/Anel revele que opção defende para que o debate público possa ser esclarecedor.

 

Diz que falar de perdão de dívida agora, como insiste o Syriza, não é boa ideia, porque poderia assustar ainda mais os mercados. É preferivel, salienta, negociar modalidades que possam aligeirar mais o serviço da dívida. Mas, mais cedo do que mais tarde, gostaria que o debate na Zona Euro sobre mutualização de dívida prosseguisse e chegasse a bom porto. Isso teria de ser feito no quadro de uma maior transferência de soberania para Bruxelas e "reforçaria a Zona Euro no seu todo", argumentou.

 

Sobre o impasse instalado nas negociações entre Atenas e a troika, acredita que este poderá ser ultrapassado, evitando-se a "catástrofe" de uma saída do euro "Precisamos de um compromisso, porque o sucesso da Grécia será o sucesso da Europa", afirmou, já no palco das Conferências do Estoril.

 

Em sua opinião, havia e há problemas graves na Grécia, sobretudo uma cultura de corrupção e de clientelismo muito enraizada que diz ter de ser combatida com reformas que levam tempo. Exemplo? Impor aos médicos a obrigação de prescrever receitas online poupou 2,5 mil milhões de euros aos cofres públicos, afirmou. "Mas não é possível fazer reformas e austeridade ao mesmo tempo. E quem me o disse foi Schroder", disse, referindo-se ao antigo chanceler alemão, que empreendeu o último grande programa reformista na Alemanha, para criticar o que diz ter sido o excessivo enfoque na austeridade dos programas da troika.

 

"A Grécia fez o maior ajustamento orçamental e foi o país mais reformista da OCDE, mas perdemos 25% do PIB, a desvalorização interna não funcionou porque temos um sector exportador limitado, o desemprego persiste acima de 20% e continua a não haver entre a população uma consciência enraizada da necessidade de reforma", lamentou.

 

George Papandreou, o político socialista que em 2009 foi eleito com maioria absoluta e que ficou conhecido como o chefe do governo que pediu o primeiro resgate para a Grécia na Primavera de 2010, regressou à política activa no início deste ano. Decidiu abandonar o Pasok, fundado pelo seu pai Andreas, para lançar um novo partido a tempo das legislativas que tiveram lugar em 25 de Janeiro e que deram a vitória ao Syriza. O seu novel projecto, o "Movimento dos Democratas Socialistas", recolheu menos de 2,5% dos votos e não elegeu nenhum deputado.

 

As Conferências do Estoril, que decorrem no Centro de Congressos do Estoril até dia 22 de Maio, têm neste ano como temas principais a educação, o papel da Europa no mundo, a crise financeira, as novas formas de poder e democracia e o diálogo entre religiões.

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