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Parlamento grego aprova referendo às propostas apresentadas pela troika

O Parlamento grego aprovou já na madrugada de domingo a realização de um referendo sobre as propostas da troika. Um dia em que os gregos fizeram fila para levantar dinheiro e que promete ser histórico para a Zona Euro.

Bloomberg
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A realização de um referendo sobre as duas propostas das instituições foi aprovado na madrugada de domingo, cerca da uma da manhã, pelo Parlamento grego com 179 votos a favor e 120 contra.

 

O referendo, anunciado na sexta-feira, dia 26 de Junho, à noite, deverá ser realizado dia 5 de Julho, conforme afirmou o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras.

 

A decisão de realizar um referendo sobre as duas propostas da troika (BCE, Comissão Europeia e FMI) levou ainda o primeiro-ministro-grego a solicitar aos credores a extensão do programa até à obtenção dos resultados. Os ministros do Euro que se reuniram no sábado consideraram que a Grécia tinha rompido unilateralmente as negociações, pelo que não aceitaram estender o programa.

 

De acordo com declarações do ministro das Finanças Yanis Varoufakis, na conferência de imprensa que deu em Bruxelas quando saiu do Eurogrupo, os gregos vão ser chamados a responder à seguinte pergunta: "Concorda que devemos assinar a proposta das instituições?"

 

Em causa estão dois documentos subscritos pelo FMI, BCE e Comissão Europeia: "Reforms for the Completion of the Current Program and Beyond" e "Preliminary Debt Sustainability Analysis". Nenhum dos documentos é público, ainda que alguma imprensa internacional os tenha. E nenhum deles está traduzido para grego. Se concordarem com as propostas, os gregos deverão dizer "sim", se não concordarem devem dizer "não".

 

As sondagens que têm sido divulgadas na Grécia apontam para resultados ainda incertos. Numa delas o "sim" ganha com 57%, noutra, da Kappa Research o "sim tem uma vitória com 47,2% e o "não" junta 33% com 18% de indecisos, o que cria a possibilidade da vitória do "não".  

 

Duas reuniões de ministros das Finanaças

 

Os ministros das Finanças do euro tinham marcado uma reunião para este sábado na sequência do fracasso do último encontro que decorreu quinta-feira antes da cimeira habitual do Verão. E depois de se terem reunido mais duas vezes, segunda e quarta-feira.

 

No comunicado que emitiu, o Eurogrupo considera que a Grécia rompeu unilateralmente as negociações. "Apesar dos esforços a todos os níveis e de apoio do Eurogrupo, estas propostas [das instituições] foram rejeitadas pelas autoridades gregas que romperam unilateralmente as negociações". O texto tem uma nota de rodapé que diz que o comunicado é apoiado por todos os ministros das Finanças com excepção do grego.

 

Yanis Varoufakis saiu do encontro do Eurogrupo e os ministros dos 18 países do euro já sem a Grécia continuaram reunidos, emitindo depois um segundo comunicado.

 

Intitulado "Declaração dos ministros das Finanças a 27 de Junho de 2015", afirma-se no comunicado que "os ministros dos 18 Estados-membros do euro e as instituições reuniram-se num encontro informal para debater o fim do prazo do programa do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira [FEEF - fundo de resgate garantido pelos Estados-membros da Zona Euro, que emprestou um terço do dinheiro da troika] com a Grécia, depois de a Grécia ter rompido as negociações".

 

Comprometem-se ao longo do que afirmam a adoptar todas as medida spara garantir a estabilidade e integridade d euro. "Os Estados membro dos euro", afirmam, "vão usar todos os instrumentos disponíveis para preservar a integridade e estabilidade da área d o euro". E acrescentam: estas medidas complementarão a actuação do BCE assim como do EFSF e o ESM.

 

A conferência de imprensa dada pelo presidente do Eurogrupo foi na mesma linha: serão adoptadas todas as medidas para garantir a estabilidade do euro. Assim como as declarações de vários ministros das Finanças, entre eles o responsável alemão Wolfgang Schauble e a ministra portuguesa Maria Luís Albuquerque.

 

Os responsáveis da Zona Euro afirmaram, quando chegaram a Bruxelas, que foram surpreendidos pelo anúncio do referendo na sexta-feira pelo Governo grego quando estava marcado um Eurogrupo para sábado se tentar de novo chegar a acordo.

 

O que pode acontecer com os bancos?

 

Durante o dia de sábado os gregos fizeram fila nas caixas multibanco (ver foto) e há relatos de um elevado montante de levantamentos, nomeadamente do ministro das Finanças alemão e na imprensa internacional.

 

O BCE ainda não anunciou qualquer decisão, tendo apenas afirmado na rede social Twitter que estava a acompanhar a situação.

 

Os bancos gregos têm conseguido satisfazer os levantamentos em dinheiro por parte da população graças à assistência de emergência do BCE estimada neste momento em cerca de 80 a 90 mil milhões de euros.

 

Para já e com as negociações dadas como tendo terminado, a Grécia não terá dinheiro para pagar o empréstimo ao FMI no dia 30 de Junho.  

 

Nos dois últimos parágrafos do comunicado dos ministros das Finanças dos 18, diz-se ainda que a Grécia deverá adoptar medidas para garantir a estabilidade do sistema financeiro o que pode querer dizer a adopção de controlo de capitais.

 

Com o fim do programa, afirmam os 18, e sem perspectivas de um acordo imediato com a Grécia, "será necessário que as autoridades da Grécia adoptem medidas, com o apoio técnico das instituições, para salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro grego". As medidas de controlo de capitais, tal como aconteceu no Chipre, exigem a aprovação das autoridades gregas.

 

 
As próximas datas-chave para a Grécia, ainda sem novas reuniões à vista

O calendário é apertado. E na segunda-feira os bancos abrem na Grécia? O vice-ministro grego George Katrougkalos, citado pela Reuters, disse na sexta-feira que sim, que abrem, e que não haverá controlo de capitais. Mas o povo saiu à rua e parou... em frente às caixas multibanco.

 

30 de Junho: O programa de resgate da troika termina. No mesmo dia vence [às 23h de Lisboa, 18h em Washington] o pagamento de 1,6 mil milhões de euros ao FMI, um valor acumulado de quatro parcelas devidas em Junho e que o governo grego tinha pedido para pagar de uma só vez no final do mês.

 

1 de Julho: Sem programa de assistência financeira, isso pode significar que não há mais liquidez de emergência cedida pelo Banco Central Europeu.

 

5 de Julho: Referendo na Grécia [para aprovação de condições que já não estão em cima da mesa].

 

10 de Julho: Títulos do Tesouro grego, no valor de 2 mil milhões de euros, têm de ser reembolsados.

 

20 de Julho: Obrigações no valor de 3,5 mil milhões de euros chegam à maturidade e têm de ser pagas aos parceiros da Zona Euro.

 

20 de Agosto: 3,2 mil milhões de euros em obrigações gregas vencem e têm de ser reembolsados.

 

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