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Directores do FMI discutem agravamento da situação na Grécia

Mario Draghi está em Washington e vai reunir-se com Christine Lagarde, que reunirá mais tarde o "board" da instituição para analisar a situação da Grécia. O encontro tem lugar depois de Atenas ter pago dívida com os fundos de reserva depositados no próprio FMI.

Charles Platiau/Reuters
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O conselho de administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) vai hoje analisar a situação na Grécia, depois de o governo de Atenas ter pago nesta semana o montante devido ao Fundo com a conta de reserva que os países-membros devem manter junto da instituição. A informação foi confirmada pelo porta-voz do FMI, citado pela Bloomberg.

 

Segundo Gerry Rice, o encontro do "board" será informal e servirá para actualizar os seus membros da situação da Grécia, cada vez mais próxima de entrar em "default". O FMI, disse, está a trabalhar "intensamente" e a "olhar para todas as opções" para que seja possível chegar a um acordo com o governo grego que permita libertar a última fatia do actual resgate para Atenas e no pressuposto de que o país se manterá no euro.

 

"Somos flexíveis. Estamos abertos a olhar para todas as opções. Mas insistimos que os objectivos do programa têm de ser alcançados", disse, contrapondo às afirmações do governo de Alexis Tsipras, que tem acusado os credores de inflexibilidade. "As negociações entre a Grécia e os seus credores têm feito grandes progressos só porque o Governo está a fazer um esforço. Agora é tempo de os credores fazerem, também eles, um esforço", afirmou esta manhã porta-voz do Executivo grego, Gabriel Sakellaridis, citado pela Bloomberg.

 

O encontro do "board" em Washington ocorre depois de a Grécia ter recorrido à conta de reserva que os países-membros têm junto do FMI para pagar o reembolso de 750 milhões de euros devidos ao próprio FMI. Nos cofres do Estado central estarão agora apenas 600 milhões de euros angariados junto dos municípios e empresas e fundos públicos.

 

Hoje, o ministro grego das Finanças aludiu à possibilidade de a Grécia contratar um novo empréstimo junto dos parceiros europeus, assegurado pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, para pagar os títulos de dívida emitidos pelo Estado grego que, no auge da crise de 2010, foram comprados pelo Banco Central Europeu (BCE) no mercado secundário. Parte desses títulos chega agora à maturidade. "Ao longo de Julho e Agosto, o Ministério das Finanças terá de pedir emprestado cerca de 6,7 mil milhões de euros aos seus parceiros para, de uma forma ou de outra, pagar títulos do programa SMP", afirmou Yanis Varoufakis. O ministro falava em Atenas numa conferência organizada pela "Economist" e referia-se aos títulos comprados pelo BCE ao abrigo do extinto Securities Market Programme (SMP) - o programa criado em 2010 pela mão de Jean-Claude Trichet, que comprou dívida grega, portuguesa, irlandesa, espanhola e italiana para aliviar a pressão sobre estes países. 

 

O ministro das Finanças acrescentou que estão por pagar cerca de 27 mil milhões de euros desses títulos, que têm de ser reembolsados nos próximos meses ou anos. "Estas obrigações devem ser adiadas para um futuro distante. Isso é claro", adiantou. 

 

"Como é que isto podia ser feito? Através de um 'swap'. A ideia de um 'swap' entre o governo grego e o BCE enche de medo a alma do senhor Draghi. Porque, como sabem, o senhor Draghi está numa grande luta com o Bundesbank, que está a lutar contra o 'quantitative easing'. O senhor Weidmann [governador do banco central alemão] é um dos maiores opositores", disse.

 

Ao contrário do que o ministro sugere, não é possível ao governo grego (nem a nenhum outro) renegociar directamente com o BCE os termos do reembolso dos seus títulos de dívida. Se tiver o acordo dos seus parceiros europeus, Atenas pode é pedir um novo empréstimo ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (que oferece condições muito favoráveis) para pagar a dívida ao BCE a tempo e horas. Isso significaria, porém, pedir um novo resgate à Europa, palavra que Atenas quer evitar.

 

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