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"No more Theresa Maybe"

O título acima foi retirado de um texto de análise do Financial Times e resume o essencial das reacções que se seguiram ao discurso de Theresa May que, finalmente, admitiu que 'Brexit' significa também o Reino Unido sair do mercado único.

Reuters
17 de Janeiro de 2017 às 18:23
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Depois de meses de dúvida, Theresa May admitiu que o Reino Unido irá optar por uma saída completa da União Europeia - um "hard Brexit" - e pedir a negociação, de raíz, de um novo enquadramento com os demais países da União Europeia, que disse querer que seja o mais amplo e ambicioso possível em matéria de comércio de bens e serviços e o mais restrito possível no que respeita à circulação de trabalhadores. Quer uma "parceria estratégica" como as que a UE reserva às grandes potências globais.

Se há ponto convergente nas reacções que se seguiram ao discurso da primeira-ministra britânica é no elogio da clareza. Como escreve James Blitz no Financial Times, permanecem as incertezas sobre o resultado concreto da negociação que se abrirá a partir de Março e que, à partida, terá de estar concluída no prazo de dois anos. Mas, pelo menos agora, "no more Theresa Maybe".


Sturgeon: Escócia deve reactivar debate sobre independência

O plano do governo britânico de deixar a União Europeia é "economicamente catastrófico" e a Escócia deve ter a opção de votar pela independência se as suas opiniões sobre o Brexit forem rejeitadas, disse a primeira-ministra escocêsa, Nicola Sturgeon.
Sturgeon disse que os escoceses, que votaram por uma clara maioria contra a saída da UE no referendo de Junho passado, agora são mais propensos a querer a independência do Reino Unido para manter uma ligação mais próxima à UE.

Instituto de Directores: "Pelo menos, sabemos que vamos deixar o mercado único"

Numa nota assinada por Allie Renison, o orgão que representa as chefias empresariais elogia o fim de alguma incerteza. "Agora sabemos que vamos deixar o mercado único, e embora haja empresas que o lamentem, pelo menos serão capazes de planear sobre essa base". 
"Do ponto de vista dos negócios, conseguir um amplo acordo de livre comércio seria preferível a recuar às regras da Organização Mundial do Comércio". "Exortamos a UE e o governo a terem uma visão de longo prazo e horizontes largos sobre a necessidade de cooperação e de parceria no futuro."

Plano é "um pouco ambicioso", avisa Praga


"O plano do Reino Unido parece um pouco ambicioso - comércio tão livre quanto possível, controle total sobre imigração ... onde está a moeda de troca para tanto pedido?", reagiu no twitter o secretário de Estado dos Assuntos Europeus da República Checa, Tomas Prouza. "Pelo menos, agora sabemos o que o Reino Unido quer HardBrexit", acrescentou.

 
Tusk saúda "discurso mais realista" de Londres

"Um processo triste, tempos surrealistas, mas pelo menos um anúncio mais realista sobre o 'Brexit'", escreveu Tusk na sua conta na rede social Twitter, sobre o anúncio de saída da UE, incluindo o mercado único. 
O líder do Conselho Europeu salientou ainda que os restantes 27 Estados-membros da União Europeia estão "unidos e prontos para negociar" assim que Londres invocar o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que permite a saída de um Estado-membro, o que deverá acontecer no fim de Março.
 
Alemanha congratula-se com maior clareza de May

"É bom que finalmente haja um pouco mais de clareza sobre a direcção do Reino Unido ", afirmou o ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel, congratulando-se com a admissão de Londres de que "quem quer acesso ao mercado comum tem de ser também parte da união política."

"Também é bom que a primeira-ministra britânica tenha deixado claro que ela quer continuar a ter uma estreita cooperação com a UE", acrescentou Gabriel. "A Grã-Bretanha continuará a fazer parte da Europa e é um amigo com quem queremos ter uma parceria estreita e de quem precisamos para ajudar a resolver os problemas globais da nossa era".

Irlanda elogia "grande clareza" de Londres


O Governo irlandês elogiou a "grande clareza" com que a primeira-ministra britânica expôs os planos para a negociação da saída do Reino Unido da UE e defendeu a manutenção de uma fronteira aberta com a Irlanda do Norte. 


Em comunicado, o Executivo de Dublin destacou que Theresa May "deixou claro" que deseja manter com o bloco comunitário uma "relação económica no futuro tão estreita quanto possível", um objectivo que "Irlanda partilha", e considerou positivo o facto de May ter mencionado no seu discurso a relação "específica e histórica" entre os dois países.


May recordou que "ninguém quer" o regresso das "fronteiras do passado" entre as duas jurisdições da ilha da Irlanda, numa referência às restrições impostas, no passado, no conflito na Irlanda do Norte. "O Reino Unido terá uma fronteira terrestre com a UE e a manutenção de uma área de circulação comum com a República da Irlanda será uma prioridade importante"

 
Verhofstadt alerta para "ilusão" de querer benefícios sem obrigações

O principal negociador do Parlamento Europeu no processo 'Brexit', o belga Guy Verhofstdt, sublinhou a "clareza" do discurso da primeira-ministra britânica sobre o assunto, alertando para a "ilusão" de alguém querer benefícios sem obrigações. Questionado sobre um futuro tratado específico para as relações económicas e comercias com o Reino Unido, Verhofstadt reiterou ser "uma ilusão pensar-se em ter todos os benefícios sem quaisquer obrigações e só vantagens".
 
"É bom ter havido clareza sobre deixar a União Europeia, a união aduaneira e o mercado único", vincou, lembrando que também será deixada para trás a participação em programas europeus. É bom haver clareza, porque "é uma ilusão pensar que se pode ter todas as vantagens do mercado único e união alfandegária e, ao mesmo tempo, não as obrigações que lhe estão associadas".

O antigo primeiro-ministro belga avisou ainda que não haverá progressos nas negociações "sob ameaças", como se começarem a dizer que, "se os parceiros europeus não aceitarem, far-se-á da Grã-Bretanha uma espécie de zona franca ou paraíso fiscal".


"Toda a gente quer o processo terminado em dois anos. Não podemos ter eleições europeias em 2019 ainda com esta questão por resolver. O calendário para um acordo é de 14/15 meses. Se começarmos em Abril/Maio, temos de estar preparados até ao final de 2018. Depois, o PE tem de dar 'luz verde' ao que for acordado", descreveu.
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