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Metalomecânica e têxteis já estão a sofrer com impacto do Brexit

A queda nas exportações para o país, que é o quarto mais importante nos dois sectores, é inegável. E 2017 poderá trazer notícias ainda piores.

Bloomberg
18 de Janeiro de 2017 às 15:44
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O Brexit, que deu mais um passo para ser concretizado, com o discurso da primeira-ministra Theresa May, esta terça-feira, 17 de Janeiro, já está a ter impacto nos negócios de muitas exportadoras nacionais. Tanto o sector da metalomecânica como os têxteis, que têm o Reino Unido entre os seus principais mercados, já estão a registar uma queda no negócio e antecipam que o ano que agora começou seja ainda pior.


Em declarações ao Negócios, Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal) contou que o mercado britânico pesava entre 10% e 12% das exportações anuais do sector e "estava em crescimento constante". Mas no passado mês de Novembro a tendência inverteu-se. "O mercado caiu 10% face a igual período de 2015. Estávamos a trabalhar em áreas técnicas e com sistemas municipais e multimunicipais, estamos preocupados", reconheceu o dirigente associativo.

O mercado [britânico] caiu 10% face a igual período de 2015. Rafael campos pereira, aimmap

Também o sector têxtil já está a notar um "arrefecimento" nas vendas para o Reino Unido. Paulo Vaz, director-geral da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal) deu conta de uma queda de 1% até ao final de Novembro de 2016. "No início ainda podíamos atribuir estes dados apenas à desvalorização da libra, que diminuiu o valor dos produtos", mas agora o dirigente associativo teme que a questão esteja mais relacionada com o clima político. O mercado britânico é o quarto maior para as exportações do sector, com um total de 394 milhões de euros até Novembro. "Estava a crescer a 7% ou 8% ao ano", salientou Paulo Vaz, que reconhece que 2017 pode ser difícil, ainda que esteja optimista quanto ao desfecho do Brexit.
No início ainda podíamos atribuir estes dados [redução nas vendas] apenas à desvalorização da libra. Paulo vaz, director-geral da ATP

Apesar de tudo, ainda há quem esteja menos preocupado do lado das empresas. Paulo Silva, director-geral da Rico, fabricante de máquinas para a indústria acredita que a questão "não trará uma perda muito substancial para o nosso negócio". O mercado representa 9% das vendas da sociedade de Gondomar e é o quinto maior. "Ainda não notamos qualquer dificuldade adicional", garantiu Paulo Silva. Mas o empresário reconhece que caso sejam introduzidas "taxas alfandegárias, isso irá reduzir a nossa competitividade, mas ao mesmo tempo dos também a dos nossos concorrentes directos, uma vez que o Reino Unido não fabrica este tipo de equipamentos. Ficaremos numa situação semelhante a muitos outros mercados para onde exportamos e onde encontramos as mesmas dificuldades", explicou. "Jamais pensaremos em abandonar o mercado", salientou Paulo Silva, que acredita que o Reino Unido terá sempre "um grande potencial".

[O Brexit] não trará uma perda muito substancial para o nosso negócio. paulo silva, director-geral da rico

Não são só os empresários a temer os efeitos do Brexit. Como o Negócios noticiou em Dezembro do ano passado, mais de metade (52%) dos directores financeiros das empresas portuguesas ou de multinacionais que actuam em Portugal considera que a saída do Reino Unido da União Europeia vai ter um impacto negativo no seu negócio. As conclusões resultaram de um inquérito que a consultora Deloitte levou a cabo.


Theresa May admitiu esta semana que o Reino Unido irá optar por uma saída completa da União Europeia - um "hard Brexit" - e pedir a negociação, de raiz, de um novo enquadramento com os demais países da União Europeia. O país votou para sair da União Europeia num referendo polémico, que teve lugar em Junho de 2016. 

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