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Merkel propõe proibição da burca e diz que não pode haver segunda crise no euro

A menos de um ano das eleições alemãs, Angela Merkel disse que não foi fácil decidir candidatar-se a um quarto mandato e avisou o partido que os tempos que aí vêm dificilmente serão mais fáceis.

Angela Merkel, chanceler alemã, é a 5.ª Mais Poderosa de 2016.
06 de Dezembro de 2016 às 13:46
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A menos de um ano das eleições federais alemãs, Angela Merkel inaugurou nesta terça-feira, 6 de Dezembro, o congresso da CDU onde será reeleita presidente com uma proposta e avisos vários. No rescaldo da chegada à Alemanha de um milhão de candidatos ao estatuto de refugiado, sendo a grande maioria muçulmanos, a chanceler alemã disse querer banir o mais possível o uso do véu islâmico que cobre totalmente o rosto das mulheres e advertiu que a Europa não pode atravessar uma segunda crise no euro, devendo, para tal, os governos manterem-se fieis às regras de disciplina orçamental. 

"O véu integral deve ser banido em todo o lado onde for juridicamente possível fazê-lo". "As nossas leis têm precedência sobre códigos de honra, tribais ou tradições de família, e sobre a sharia – isso tem de ser claramente explicitado", frisou, ao acrescentar que essa precedência "também significa que é importante mostrar o rosto quando as pessoas se comunicam". O uso de burca, por vezes descrita como "prisão de pano" e encarada como símbolo da opressão das mulheres, foi totalmente proibido em França em 2010. Está também proibido em lugares públicos na Bélgica (desde Julho de 2011), na Bulgária (desde Setembro deste ano) e na Holanda (desde Maio de 2015). 

Falando no discurso de abertura do congresso do seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), que decorre em Essen, a chanceler disse que a decisão de se recandidatar a um quarto mandato consecutivo "não foi fácil", mas que continua a querer "servir a Alemanha" em tempos que possivelmente não serão mais fáceis.

"Eu sei que tenho pedido imenso de vós. Não posso prometer que as exigências sejam menores no futuro", alertou aos dirigir-se aos mais de mil delegados de um partido que ficou mais fracturado depois do terceiro resgate à Grécia, no Verão de 2015, e, sobretudo, no rescaldo da política de abertura aos refugiados.

A chanceler avisou ainda que a Europa "não aguenta uma segunda crise do euro" e que terá de ser evitada através do respeito pelas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que incitam os governos a reduzir a dívida pública e a apresentar, em regra, Orçamentos equilibrados. "Não haverá novas crises se nos mantivermos dentro desse quadro".

Merkel prosseguiu afirmando que a Europa enfrenta um duro teste na sequência da decisão dos eleitores britânicos de o Reino Unido abandonar a União Europeia (UE), devendo "definir linhas claras de actuação" e manter-se "no caminho da estabilidade". A chanceler advertiu, por outro lado, o governo britânico de que, na negociação do 'Brexit', os parceiros europeus não vão permitir a Londres que escolha o que quer manter da UE sem respeitar os compromissos associados.


Tiro de partida para uma campanha difícil

A CDU reúne-se hoje e quarta-feira em congresso para lançar a batalha pela reeleição de Angela Merkel para um quarto mandato, nas eleições marcadas para Setembro de 2017. Na liderança da CDU há 16 anos e há 11 à frente dos destinos do país, Merkel candidata-se hoje a um nono mandato como líder do partido, o que é sinónimo de uma candidatura à chancelaria.


Escreve a Lusa que a sua recondução foi bem recebida por 64% dos alemães segundo uma sondagem recente - um número tranquilizador, depois de Merkel ter caído a pique nos estudos de opinião efectuados no final de 2015 e início de 2016, em plena crise migratória.


Horst Seehofer, o dirigente do partido irmão da Baviera CSU, atacou durante meses a sua política de acolhimento dos migrantes, mas acabou por desistir concorrer à chancelaria e não estará hoje presente no congresso.


Contidas as divergências internas, resta agora à dirigente de 62 anos enfrentar um perigo maior à sua direita: a ascensão fulgurante e inédita desde o fim do jugo nazi de um partido populista de direita, a Alternativa para a Alemanha (AfD). Com cerca de 13% das intenções de voto, esta jovem formação anti-imigração deverá fazer a sua entrada na câmara dos deputados no próximo ano, poderá também complicar seriamente a formação da próxima coligação governamental. 

A ascensão da extrema-direita já obrigou Merkel a endurecer o seu discurso sobre as questões da imigração. Além disso, antes das eleições legislativas, a CDU, que foi derrotada em vários escrutínios regionais este ano, vai ser testada nas regionais no Sarre (26 de Março), no estado de Schleswig-Holstein (7 de Maio) e, sobretudo, no estado regional mais populoso a Renânia do Norte-Vestefália (14 de Maio).


Por enquanto, embora ancorada em Merkel, a CDU encabeça as intenções de voto para as legislativas, mas, com 32%, está quase 10 pontos percentuais abaixo do seu resultado de 2013. (LUSA)





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